Na última sexta-feira (07/04/2023), o governo brasileiro anunciou o retorno do Brasil à União de Nações Sul-Americanas (UNASUL). O Brasil havia se retirado oficialmente em 2019, através de um decreto do Governo do presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, nesta sexta-feira, um decreto promulgando o tratado de constituição do grupo retomando a aliança diplomática com a UNASUL.
Caso você nunca tenho ouvido falar sobre este Bloco, vamos voltar para o contexto em que ela foi criada lá em 2008? Para se ter uma idéia, a UNASUL foi o primeiro órgão na América do Sul a ser composto por todos os doze chefes e chefas de Estado da região, sem a presença dos Estados Unidos. Só essa informação já da uma idéia da referência e do impacto que este acordo trouxe a nível diplomático e estratégico, tendo em vista que na época os principais atores que estavam a frente deste pacto foi o Brasil, por iniciativa do Presidente Lula, Hugo Chávez, da Venezuela, e Néstor Kirchner, da Argentina.
A UNASUL surgiu com o objetivo principal de integração, não apenas do ponto de vista econômico, mas, principalmente, como fortalecimento das soberanias dos países membros na disputa política, social e financeira dos países desenvolvidos, ou em outras palavras, de primeiro mundo, através do “olhar para dentro”, ou seja, resolver nossos problemas a partir de “nós mesmos”!
No entanto, em 2008 tivemos a crise econômica dos EUA que abalou o sistema financeiro internacional e que influenciou, de certa forma, a criação e fortalecimento das ações de intercâmbios regionais entre os países latino-americanos na época. Com isso, a partir de 2011, com o advento da crise econômica dos países emergentes, puxados pela crise dos preços das commodities (matérias-primas de origem agrícola, pecuária, mineral e etc.), o desaquecimento da economia Chinesa, mudança de governos progressistas para conservadores liberais, entre vários outros fatores, culminaram com a desintegração do bloco. No caso do Brasil a crise que desencadeou o golpe parlamentar em 2016 com a retirada da presidenta Dilma e a ascensão de Temer, a pressão dos EUA pelo alinhamento dos seus interesses na região e a saída do Brasil em 2019, refletiram no apagamento da UNASUL na região.
Mas agora os tempos são outros! E o que a retomada deste Bloco, na atual conjectura política do Governo em exercício irá trazer de vantagens tanto para o Brasil como para os interesses dos países que participam da UNASUL? O retorno do Brasil ao Bloco segue a mesma linha da política externa dos dois primeiros governos do presidente Lula com vista a integração regional da região, uma vez que fez parte da sua campanha política e do discurso de posse a revitalização da UNASUL.
Além disso, falar da UNASUL é falar sobre os projetos de infraestrutura contidos na Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IRSAA), é retomar as políticas no âmbito da saúde quanto as consequências que o COVID-19 trouxe para a região e é estabelecer uma conversa diplomática entre os países participantes colocando a região latino-americana, de acordo com suas características ambientais, sociais e políticas, no Sistema Internacional, como uma região com autonomia para tomar decisões que sejam interessantes para quem vive nela.
Sendo assim, ganhamos com este acordo, a volta do protagonismo de negociação do Brasil frente as demandas da região, que conforme a fala do assessor do presidente para a política exterior, Celso Amorim, “superar as brutais desigualdades e romper com a dependência externa é, e continuará a ser por muito tempo, uma tarefa de todos que desejam uma América Latina mais justa e autônoma”[1].
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