Você já se perguntou como podemos combater, de um modo eficaz, as mudanças climáticas? E se houvesse uma maneira de proteger as florestas do mundo enquanto reduzimos as emissões de gases de efeito estufa? Essas questões são cruciais quando discutimos o REDD+, um mecanismo destinado a mitigar as mudanças climáticas, preservando as florestas e promovendo o desenvolvimento sustentável. Mas o que exatamente é o REDD+ e por que é tão importante? Vamos explorar mais a fundo esse conceito e sua relevância no enfrentamento do desafio global das mudanças climáticas e os aspectos críticos ligados a ele.
As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios à sustentabilidade do nosso planeta, afetando ecossistemas, comunidades e economias em escala global. Como resultado do aumento das emissões de gases de efeito estufa, os padrões climáticos estão se tornando cada vez mais imprevisíveis, levando a eventos climáticos extremos, como secas, tempestades e inundações. Diante desse cenário, a conservação e gestão sustentável das florestas desempenham um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas.
Neste contexto, surge o termo REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) que emergiu como uma abordagem internacionalmente reconhecida e promissora para enfrentar esse desafio. Esse instrumento foi tema de negociações entre os países que fazem parte da UNFCCC (sigla em inglês que significa Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) durante 10 anos, conforme imagem a seguir da comissão nacional para REDD+ do Ministério do meio ambiente:

Figura: Histórico de evolução do tema REDD+ no âmbito da UNFCCC entre os anos de 2012 a 2013 (BRASIL, 2016)
Este mecanismo busca incentivar países em desenvolvimento a conservar e restaurar suas florestas, compensando-os financeiramente pela redução de emissões de gases de efeito estufa decorrentes do desmatamento e da degradação florestal. A ONU em 2008 lançou o Programa Colaborativo das Nações Unidas para a Redução de Emissões provenientes da Degradação Florestal nos Países em Desenvolvimento (UN-REDD) é a plataforma de conhecimento e aconselhamento da ONU sobre as soluções florestais para a crise climática (UN-REDD, 2024).
O Objetivo principal é o alcance pelos 65 países parceiros do programa para avançar na implementação do acordo de Paris, com foco no artigo 5º e 6º do acordo que é reduzir o desflorestamento, promover abordagens de cooperação internacional para a mitigação das alterações climáticas e mobilizar o financiamento climático para ações de reflorestamento.
No âmbito internacional, várias iniciativas ganham destaque pelo alcance do financiamento para os países em desenvolvimento, podendo citar o Forest Carbon Partnership Facility (FCPF) que é uma iniciativa liderada pelo Banco Mundial que trabalha com países em desenvolvimento e fornece financiamento e assistência técnica para apoiar a preparação e implementação de estratégias REDD+ nesses países.
Temos a Iniciativa REDD+ da Noruega que é um dos principais doadores do REDD+, comprometendo-se a fornecer financiamento para projetos e programas REDD+ em países em desenvolvimento através do Fundo Internacional para a Conservação das Florestas Tropicais (NICFI). Programa de REDD+ da Indonésia, sendo um dos países mais significativos em termos de emissões de carbono decorrentes do desmatamento e, portanto, é fundamental para os esforços globais de REDD+. O país tem desenvolvido estratégias nacionais de REDD+ com o apoio de várias organizações internacionais, visando reduzir suas emissões por desmatamento e degradação florestal.
Apesar de suas intenções nobres, o REDD+ também tem sido alvo de críticas por parte de grupos da sociedade civil preocupados com potenciais impactos negativos. Uma das principais preocupações é a possibilidade de que o REDD+ possa resultar em injustiças sociais e violações dos direitos das comunidades locais e povos indígenas que dependem das florestas para sua subsistência. Além disso, há preocupações sobre a eficácia real do REDD+ em reduzir as emissões de carbono a longo prazo, especialmente quando se considera a possibilidade de vazamentos de carbono e o deslocamento das atividades de desmatamento para áreas fora das regiões abrangidas pelo programa. Trazendo uma linguagem clara: desmata um lugar para preservar outro!
Quando se fala no Brasil, por ser o país que detêm a maior parte da Floresta Amazônica, uma das maiores reservas de biodiversidade do mundo e um importante sumidouro de carbono, a Amazônia, como bioma vital para a estabilidade climática global, sua preservação é essencial para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Portanto, as iniciativas REDD+ no Brasil têm um impacto significativo nas emissões globais de carbono.
Neste sentido, o Brasil enfrenta desafios significativos relacionados ao desmatamento, especialmente na Amazônia. O desmatamento ilegal e a degradação florestal representam uma ameaça tanto para o meio ambiente quanto para as comunidades locais. A implementação eficaz do REDD+ no Brasil pode ajudar a enfrentar esses desafios, promovendo práticas de uso da terra mais sustentáveis e combatendo o desmatamento ilegal.
Para isso, o Brasil instituiu a Comissão Nacional para REDD+, através do Decreto nº 11.548, de 5 de junho 2023, formada por um representante do Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que a preside, além de representantes de representantes de mais 7 ministérios, sociedade civil, povos e comunidades tradicionais, e associações com interesse específico sobre o tema a nível nacional. A comissão é responsável por coordenar, acompanhar, monitorar e revisar a Estratégia Nacional para REDD+ do Brasil e por coordenar a elaboração dos requisitos para o acesso a pagamentos por resultados de políticas e ações de REDD+ no Brasil.
Como um dos maiores países da América do Sul, o Brasil exerce influência significativa na região. Ao demonstrar compromisso e liderança no combate ao desmatamento e na promoção da conservação florestal, o Brasil pode incentivar outros países da região a adotarem práticas semelhantes. Isso é crucial para garantir que os esforços de REDD+ sejam eficazes em toda a América Latina.
O Brasil é signatário do Acordo de Paris e tem metas ambiciosas de redução de emissões de gases de efeito estufa. A preservação das florestas e a implementação do REDD+ desempenham um papel fundamental na consecução dessas metas. Além de seu impacto na mitigação das mudanças climáticas, o REDD+ também oferece benefícios adicionais, como a conservação da biodiversidade, proteção dos recursos hídricos, melhoria da qualidade do ar e promoção do desenvolvimento sustentável com foco nas comunidades tradicionais, principalmente os indígenas.
Diante da urgência em enfrentar as mudanças climáticas, a implementação eficaz do REDD+ é fundamental para garantir a preservação dos ecossistemas florestais e contribuir para um futuro mais sustentável e resiliente para as gerações presentes e futuras. Para isso faz-se necessário medidas políticas que trabalhem as questões de governança, direitos humanos e justiça social de forma integral ao implementar iniciativas de conservação florestal como o REDD+.
Referencial teórico para o texto
- Site oficial do MMA: http://redd.mma.gov.br/pt/comissao-nacional-para-redd
- https://ipam.org.br/entenda/o-que-e-redd-e-redd/
Giro internacional Mudanças climáticas e gênero: a contribuição científica e as consequências do clima para as mulheres
Giro internacional Pós-Covid-19 e a COP 28: a agenda da saúde na mudança do clima
Giro internacional Complexo econômico-industrial da saúde: desafios para o Brasil em um cenário internacional
Giro internacional A Cúpula do BRICS: Os temas tratados e a relação deles com as demandas da saúde global
Giro Internacional A cúpula da Amazônia em Belém do Pará: sua importância para o Brasil e para as relações internacionais
Lula em Paris O papel estratégico do Brasil nas Relações Internacionais
Cotidiano com Tiago Como agilizar seus serviços de habilitação sem complicação nem perda de tempo
Ficaflix 'Superman' estreia dia 19 de setembro na HBO Max
Na Fama com Thiago Michelasi Adib Abdouni destaca impacto da Ação Penal 2668 no Supremo Tribunal Federal
Somos Homo Ludens - Por Rodrigo Charneski Mahy-ra: uma heroína brasileira nasce no coração da Amazônia