Quinta, 21 de Novembro de 2024 (42)99838-3791
Blogs e Colunas Giro Internacional

Transações entre BRICS sem usar dólar: uma nova perspectiva para o Bloco?

A utilização do dólar como moeda padrão para transações comerciais entre países é uma condição questionada há um certo tempo devido as implicações econômicas e políticas ligada a ela (inflação, diferenças cambiais entre outros problemas de cunho político)

10/04/2023 09h12 Atualizada há 2 anos
Por: Elane Dornelles
Reprodução/Freepik
Reprodução/Freepik

A utilização do dólar como moeda padrão para transações comerciais entre países é uma condição questionada há um certo tempo devido as implicações econômicas e políticas ligada a ela (inflação, diferenças cambiais entre outros problemas de cunho político).  Nas ultimas semanas este assunto veio à tona com a fala do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serghei Ryabkov em uma conferência de imprensa com o Presidente angolano, João Lourenço, no final de janeiro, o diplomata garantiu que o tema da criação de uma moeda comum para trocas internas será analisado na próxima cimeira do BRICS (infobrics. Org)[1].

O BRICS é uma sigla que se refere a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South África em inglês), que desde 2011 passou a atuar como bloco político e econômico multilateral e a partir de 2014, em uma Cúpula entre estes países em Fortaleza, assinaram a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) que tem como objetivo mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em mercados emergentes e países em desenvolvimento.

De acordo com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada)[2] o peso econômico dos BRICS é certamente considerável. Entre 2003 e 2007, o crescimento dos quatro países representou 65% da expansão do PIB mundial. Em paridade de poder de compra, o PIB dos BRICS já supera hoje o dos EUA ou o da União Europeia. Para dar uma ideia do ritmo de crescimento desses países, em 2003 os BRICs respondiam por 9% do PIB mundial, e, em 2009, esse valor aumentou para 14%. Em 2010, o PIB conjunto dos cinco países (incluindo a África do Sul), totalizou US$ 11 trilhões, ou 18% da economia mundial. Considerando o PIB pela paridade de poder de compra, esse índice é ainda maior: US$ 19 trilhões, ou 25%.

Sendo assim, nos últimos dois meses a China iniciou acordos em moedas nacionais com os participantes do BRICS, sendo que o estabelecimento de uma moeda única dentro do BRICS também é uma possibilidade levantada pelo Ministro Russo, porém ainda enfrenta resistência em acordos comerciais do Bloco com outros países pela própria conformação financeira global que tem o dólar como reserva. 

Apesar disso, a iniciativa dos países do BRICS em realizar acordos comerciais sem o uso do dólar Americano é um passo para diminuir a dependência desta moeda e uma ação que busca uma maior autonomia econômica global buscando uma independência perante o poder econômico dos Estados Unidos através do dólar. O fortalecimento do bloco pode ampliar as relações comerciais entre as nações, reduzir custos, e fortalecer ainda mais acordos políticos e diplomáticos entre os países e isso traria enormes benefícios para os países participantes.

No caso do Brasil, que foi o país que deu o pontapé inicial para criação do BRICS em 2008, com a atual gestão do governo Lula que esteve alinhado com os objetivos do bloco nas gestões anteriores do seu mandato, agora com a presidente Dilma como a presidente do Banco do BRICS, o NDB, obterá uma grande vantagem na gestão estratégica para políticas e projetos que envolvam o financiamento pelo BRICS, colocando o Brasil como o protagonista sul americano no plano econômico financeiro Internacional. 



[1] Link da citação: http://infobrics.org/post/37906/

[2] https://www.ipea.gov.br/forumbrics/pt-BR/conheca-os-brics.html

2 comentários
500 caracteres restantes.
Comentar
Raiara Há 2 anos Paula Cândido - MGInteressante ver como o agrupamento dos BRICS tem buscado instrumentos para equilibrar a distribuição de riqueza e poder no Sistema Internacional.Nesse sentindo o NDB tem um papel importante e a entrada de Dilma Rousseff na presidência do Banco fortalece a instituição financeira.
Raiara Há 2 anos Paula Cândido - MG Já quero ler a próxima coluna! Gosto de estar atualizada sobre o xadrez geopolítico!
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
Giro Internacional - por Elane Dornelles Ricarte
Sobre Giro Internacional - por Elane Dornelles Ricarte
Elane Dornelles Ricarte é Enfermeira especialista em Vigilância Sanitária e Saúde da Família, graduada em Relações Internacionais e Integração pela UNILA onde faz parte dos Observatórios do BRICS desde 2019 e de Gênero desde 2022 pela mesma Universidade. É voluntária no Instituto Idéia Ambiental atuando na gestão de projetos que envolvem o Meio Ambiente e a Saúde na região do tríplice fronteira do Paraná e atualmente mestranda em Estudos Comparados sobre as Américas na UNB.