Atualmente 17 milhões de pessoas moram em imóveis financiados, representando 8% da população brasileira, conforme uma recente pesquisa do Censo QuintoAndar, em colaboração com o Datafolha. Embora o número de proprietários de imóveis financiados possa parecer modesto, isso se agrava quando imaginamos a somatória com o financiamento de carros. Somente em 2023, cerca de 4,8 milhões de veículos foram financiados até outubro, evidenciando a alta procura por financiamentos.
Muitos consumidores optam pelo parcelamento por necessidade, mas frequentemente se surpreendem com o volume de juros acumulados. Surge, então, a alternativa de amortização de cada parcela ou a redução de prazo, visando escapar desse ciclo de endividamento. Contudo, vem à mente uma questão crucial: é mais vantajoso reduzir o número de parcelas ou o valor individual de cada uma? Contrariando a assertividade dos conhecidos influencers e “gurus da economia”, a resposta é multifacetada: depende.
A Associação dos Consumidores afirma, categoricamente que, do ponto de vista financeiro, reduzir o prazo é preferível. No entanto, essa perspectiva simplista ignora a complexidade das circunstâncias individuais. Vamos considerar por exemplo, um financiamento imobiliário com saldo devedor de R$ 100.000,00 e 400 parcelas restantes. Suponhamos uma taxa de juros de 1% ao mês. Neste caso, qualquer valor pago além dos juros mensais de R$ 1.000,00 reduzirá diretamente o saldo devedor.
Na realidade, quanto mais tempo um indivíduo permanece endividado, maiores serão os juros endividados. Esse princípio fundamenta a recomendação de reduzir o prazo de pagamento. Em longo prazo, o custo total da compra será menor se o prazo for reduzido, em comparação com a diminuição do valor da parcela. Não é uma regra absoluta.
Considerando que 80% das famílias brasileiras estão endividadas, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), muitas vezes a amortização antecipada pode não ser viável. Porém, trabalhadores com registro formal no Brasil frequentemente acumulam recursos no FGTS, que podem ser utilizados especificamente para amortização imobiliária.
Portanto, para famílias enfrentando múltiplas dívidas, reduzir o valor da parcela pode aliviar o orçamento mensal, mesmo que o prazo permaneça inalterado. Esse método pode ser especialmente eficaz, considerando que o financiamento habitacional, especialmente via Caixa Econômica Federal, geralmente apresenta taxas de juros menores em comparação com outras formas de crédito, como empréstimos pessoais ou cartões de crédito. Assim, ao priorizar o pagamento de dívidas com os juros mais altos, o consumidor realiza, ainda que inconscientemente, uma forma de arbitragemfinanceira, otimizando sua situação financeira a longo prazo.