Na última segunda-feira, 29, no calar da noite, mais uma importante e polêmica votação aconteceu no Congresso Nacional. O projeto que altera as regras das emendas de relator, o conhecido “orçamento secreto”, esteve em pauta.
Assim, de forma afrontosa, juntos, deputados paranaenses da direita, esquerda e do centro, além de extremistas, desafiaram o STF ao ditarem as regras para as chamadas emendas do relator, com as quais o (des)Governo do Presidente Jair Bolsonaro (PL) gere o “orçamento secreto”.
Recentemente, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, guardião da Carta Política, decidiu barrar os repasses parlamentares feitos por meio de emendas do relator, prática conhecida como "orçamento secreto". Segundo a Ministra Rosa Weber, há constatação objetiva de que as emendas do relator transgridem os postulados republicanos da transparência, da publicidade e da impessoalidade. São, assim, práticas institucionais condescendentes com a ocultação dos autores e beneficiários dessas despesas, em modelo que institui inadmissível exceção ao regime da transparência.
As emendas de relator são definidas a partir de negociações do relator-geral com deputados e senadores, mas a transparência é escassa: ao contrário das emendas individuais e de bancada, não se sabe detalhes sobre as negociações para direcionar os recursos das emendas de relator, quem são seus padrinhos políticos e onde o dinheiro é aplicado. Em suma, não há critérios para a partilha dos recursos nem são identificados os parlamentares que destinam esse dinheiro para suas bases eleitorais.
Insta salientar, pelo princípio da transparência, que orienta de forma basilar o Direito Financeiro, todas as informações relativas a gastos públicos e a questões orçamentárias, sejam de que natureza forem, devem ser claras, públicas e disponibilizadas a quem quer que deseje examiná-las, sem que tal acesso se submeta a qualquer tipo de controle. Do contrário, restarão comprometidos os pilares básicos da democracia.
Juntos, senadores e deputados votaram e aprovaram este projeto, sendo que na Câmara passou por 268 votos a 31 e no Senado a diferença foi menor, 34 a 32. Contudo, parlamentares mantiveram o sigilo sobre quem já foi beneficiado.
De acordo com o texto do projeto, as indicações e solicitações feitas ao relator-geral devem agora ser fundamentadas e publicadas pela internet no site da Comissão Mista de Orçamento. Mas a norma só vai valer para os recursos que ainda não foram liberados, em outras palavras, não retroagirá. O privilégio de determinados parlamentares em detrimento de outros está garantido pelo projeto que não altera o poder do Governo e da Cúpula do Congresso.
Em raras ocasiões a bancada paranaense esteve tão unida, surpreendente. Dos deputados presentes, apenas dois votaram contrário ao “orçamento secreto”, Diego Garcia (Podemos) e Rubens Bueno (Cidadania). Os que não aparecem na lista decidiram pela obstrução ou não participaram da votação – em miúdos: afrouxaram a tanga. Enquanto isso, no Senado, a votação foi unanime, os três senadores do Podemos – Álvaro Dias, Flávio Arns e Oriovisto Guimarães –, foram contrários ao orçamento secreto.
Conheça agora como foi o voto dos paranaenses neste “golpe do orçamento secreto”:
Câmara:
SIM para o Golpe do Orçamento Secreto:
Aline Sleutjes (PSL-PR)
Christiane de Souza Yared (PL-PR)
Evandro Roman (PATRIOTA-PR)
Felipe Francischini (PSL-PR)
Filipe Barros (PSL-PR)
Giacobo (PL-PR)
Hermes Parcianello - FRANGÃO (MDB-PR)
Luciano Ducci (PSB-PR)
Luisa Canziani (PTB-PR)
Luizão Goulart (REPUBLICANOS-PR)
Osmar Serraglio (PP-PR)
Paulo Eduardo Martins (PSC-PR)
Pedro Lupion (DEM-PR)
Reinhold Stephanes Junior (PSD-PR)
Sergio Souza (MDB-PR)
Toninho Wandscheer (PROS-PR)
Vermelho (PSD-PR)
NÃO para o Golpe do Orçamento Secreto:
Diego Garcia (PODEMOS-PR)
Rubens Bueno (CIDADANIA-PR)
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