Eventos climáticos extremos têm gerado impactos diretos na produção agrícola brasileira, levando a Conab a revisar para baixo as projeções da próxima safra, agora estimada em 316,7 milhões de toneladas de grãos, com uma redução de 4,7 milhões (-1,5% menor) em relação ao ano anterior.
No Centro-Oeste, o sol escaldante domina o céu sem nuvens, atrasando significativamente o plantio da soja. Atualmente, apenas 60% da safra está plantada, comparado aos 75-80% em condições normais para esta época. Produtores enfrentam atrasos e preocupações, com sementes de soja retidas em galpões devido à irregularidade das chuvas, inicialmente favoráveis, mas agora substituídas por estiagem e altas temperaturas. O calor excessivo compromete a germinação das sementes, exigindo replantio, afetando não apenas a produção de soja, mas também o plantio subsequente do milho safrinha.
Enquanto o Centro-Oeste sofre com a escassez de chuvas e calor, o Sudeste e o Sul enfrentam problemas opostos, com excesso de chuva prejudicando o plantio e desenvolvimento de culturas como o arroz. O Boletim de Monitoramento Agrícola da Conab destaca as intensas chuvas de novembro, irregulares e mal distribuídas, impactando a semeadura e desenvolvimento das culturas.
Apesar do início da safra, as perspectivas permanecem incertas, com desafios significativos nas principais regiões produtoras. A produção de soja é estimada em 162,4 milhões de toneladas, mantendo o Brasil como o maior produtor mundial. Contudo, o milho enfrenta uma redução de 5% na área cultivada, com produção prevista de 119,1 milhões de toneladas. O algodão, arroz e feijão também têm projeções, mas as incertezas climáticas desafiam as previsões.
Os especialistas do mercado sinalizam um aumento na demanda interna de milho, projetando um consumo interno de 84,5 milhões de toneladas até 2024. A redução na produção nacional, aliada a uma oferta global mais robusta, antecipa uma queda nas exportações brasileiras do cereal em 2024.
À medida que enfrentamos os desafios climáticos que moldam uma temporada agrícola incerta para o Brasil, convido todos os leitores a se engajarem nesta reflexão: Como podemos, juntos, adotar ações eficazes para suavizar os impactos na produção agrícola e garantir a segurança alimentar do nosso país? A resposta está nas ideias e iniciativas que cada um de nós pode contribuir.
*Paula Cristiane Oliveira Braz, professora da Uninter, é graduada em administração e especialista em agronegócio, gestão de qualidade e inteligência competitiva.