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Afinal, dinheiro traz felicidade?

A nossa situação financeira tem um impacto gigantesco em nossos relacionamentos e na nossa saúde mental

15/02/2022 às 10h05
Por: Jussara Prado
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Reprodução/Freepik
Reprodução/Freepik

Uma vez eu ouvi alguém dizendo que dinheiro não trazia felicidade, e confesso que essa frase me fez ficar por dias refletindo. O dinheiro é uma ferramenta muito útil, até porque, nos permite adquirir bens materiais que trazem uma boa qualidade de vida, nos proporciona acesso a bens básicos como educação, saúde, além da moradia e alimentação.

Mas existe também a questão do lugar que o dinheiro ocupa em nossas vidas, o seu significado e o uso que fazemos dele como símbolo de status e poder. E refletindo sobre tudo isso, percebi tamanho impacto que ele tem em nossas vidas e saúde mental.

Chega até a ser infantil pensar que dinheiro não traz felicidade. Mas é claro, ele por si só não traz mesmo. Mas as portas que o dinheiro nos abre é de dar um sorrisão de orelha a orelha, principalmente por estarmos inseridos em uma sociedade capitalista, na qual o capital (dinheiro) é base.

O dinheiro pode ser motivo de felicidade e união de um casal, até de brigas e intrigas entre irmãos pela herança da falecida mãe. Ostentar o dinheiro que se tem (ou não) e até esconder quanto se ganha, a forma como cada pessoa lida com dinheiro, se guarda, se gasta demais, se realiza investimentos, se está sempre endividada... tudo isso pode refletir na autoestima da pessoa, sensação de (in)capacidade ou (in)suficiência, influenciando na saúde mental.

A forma como nos comportamos em relação ao dinheiro não é concreta, ela muda ao longo da nossa vida. Além de ser influenciada pelas experiências passadas, modelos familiares, crises, planos econômicos (por ex.: plano Real), pela cultura, personalidade etc.

O valor do dinheiro também pode ser transmitido entre gerações, influenciando condutas e perpetuando os mais diversos padrões de comportamento. E os pais são os principais nesta história com o dinheiro, seja ensinando diretamente ou como modelos (positivo ou negativo).

Podemos pegar por exemplo a geração do pós-guerra, as famílias que vieram para o Brasil, fugindo da guerra, tinham a ideia de poupar, de guardar tudo o que tinham para vida toda. Comprar somente coisas à vista de boa qualidade, para que durasse por muito tempo.

E isso foi passado aos seus filhos, para uma geração que já encontrou um cenário econômico melhor, e pôde prover uma situação mais agradável aos seus filhos. Que cresceram com o entendimento de que as coisas podem ser descartadas facilmente, porque é fácil de se conquistar.

E aí quando esses filhos chegaram na vida adulta, a situação econômica já não está tão boa como na de seus pais. E aí vem muitos sentimentos conflituosos. A família cobra desses filhos adultos que tenham coisas que os pais tinham na idade deles. Eles se cobram de ter uma vida estabilizada financeiramente igual a dos pais…

Mas o cenário é completamente diferente, sem contar as dívidas. Hoje em dia o cenário está muito mais propenso para nos endividarmos. Uma compra básica no mercado é R$ 400,00, luz está cara, gasolina está cara. Está tudo caro.

Mesmo que a nossa cultura seja capitalista, voltada ao poder e status social, na importância do dinheiro em nossas vidas... nós não o tratamos com o devido respeito. Agimos com impulsividade, através da emoção, de maneira irresponsável, muitas vezes influenciados pelos modelos que tivemos na infância ou até para impressionar alguém.

Pensar sobre este tema, falar e ter um espaço para isso é importante. Precisamos deixar um pouco de lado o aspecto privado do dinheiro, para tornar público, ainda que um pouco discretamente, seus comportamentos em relação ao assunto. O dinheiro não é necessariamente um fim em si mesmo, e ele pode sim trazer felicidade.

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