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Voo a Vela: a poesia da aviação

O comVc portal participou de um dia da equipe de pilotos do Aeroclube de Planadores de Balsa Nova

25/09/2023 17h20 Atualizada há 2 anos
Por: Rodrigo Charneski
Voo a Vela: a poesia da aviação

No dia 7 de setembro de 1906, um brasileiro visionário apresentava uma máquina nunca vista pela humanidade. Nesse dia, no centro de Paris, Alberto Santos Dumont presenteava o mundo com o seu 14-Bis. O ser humano já havia conquistado o solo e os mares e agora era a vez de conquistarmos o céu. Hoje, após 117 anos, o céu deixou de ser limite para se tornar um lar. 

 

A experiência do comVc portal no Aeroclube de Planadores de Balsa Nova

Se você sair de Ponta Grossa, rumo a Curitiba, ao passar pela segunda praça de pedágio verá um placa indicando “Aeroclube”. Seguindo por mais cinco quilômetros em uma rua de terra, chegamos ao Aeroclube de Planadores de Balsa Nova, o único aeroclube de voo a vela no Paraná.

Adentrando a estradinha, a primeira coisa que nos chama a atenção é a grande pista de decolagem. Algumas dezenas de metros ao lado, nos deparamos com o histórico hangar que mantém protegida do clima e do tempo, uma das mais audaciosas partes da história da aviação. 

 

Voo a vela

Conhecido também como voo sem motor, ou planadorismo é uma modalidade da aviação onde se usa o planador. Trata-se de uma espécie de aeronave, com traços semelhantes ao do avião comum e que se mantém voando graças a correntes atmosféricas. A sua característica mais distinta, é não possuir motor.

Para levantar voo, o planador precisa ser rebocado por outro avião. Ambos ficam ligados por um cabo e decolam juntos. Quando o planador atinge uma determinada altura, o avião rebocador solta o cabo, deixando o planador voar por conta própria. 

 

Aviação de pais para filhos

No hangar encontramos Lucas Stange, aviador e instrutor de pilotagem do aeroclube. Stange conta que seu pai foi um dos sócios-fundadores do Aeroclube de Planadores de Balsa Nova, no dia 5 de outubro de 1979, e foi piloto desde os 16 anos. Junto ao pai, Stange frequentava as instalações do aeroclube ainda criança. “Eu não consigo me lembrar da primeira vez que eu voei, pois eu era muito jovem. Desde criança, eu vinha aqui com o meu pai", comenta. Ela iniciou como piloto oficial em 1997 e possui carteira de instrutor de planador desde 2000”

Assim como seu pai, Lucas Stange também compartilha seu amor à aviação com os filhos. Luisa Regis Stange de 14 anos  e  seu filho Daniel Luis Regis Stange de 12, já fizeram  um voo de “instrução” com o pai.

     

Preparando para o voo

Quando as condições climáticas estão favoráveis, a equipe começa os preparativos para sair do chão. Lucas, foi o instrutor do dia e ao centro de uma meia lua formada por pilotos e populares que visitavam o clube. Ele passou as instruções de segurança e organização para que todos pudessem fazer um voo seguro e proveitoso. O próximo passo foi retirar as aeronaves do hangar.

O primeiro a ver a luz do dia, foi o avião monomotor Piper Super Cub Pa-18. Ele é o responsável por rebocar os planadores na pista para que eles consigam alçar voo. 

Então veio a vez da estrela do dia, o IPe-02B Nhapecan II, apelidado carinhosamente de Juliet Oscar, em referência à sua sigla de identificação PP-FJO. A equipe então realiza todas as checagens de segurança. Controles, spoilers, paraquedas e tudo que era necessário para a realização de um bom voo.

O rebocador do dia era Mathias Göhringer, membro da velha guarda dos pilotos do Aeroclube de Balsa Nova. Ele contou brevemente sobre a história de como surgiu o aeroclube. “Nosso aeroclube nasceu como um departamento do aeroclube do Paraná, que foi o segundo aeroclube do mundo. Só perde para o de Paris, que foi o de Santos Dumont. O de Curitiba ficou incompatível com o voo a vela. Então tivemos a opção de ir para Paranaguá, mas lá as condições climáticas não eram boas e então surgiu a oportunidade de construirmos a pista aqui em Balsa Nova e estamos aqui desde 1979”, lembra Mathias.

 

Sem condições meteorológicas

Os aviões estavam posicionados na pista. A equipe estava esperando a biruta, instrumento utilizado para ver a direção do vento, se alinhar com a pista, porém as condições climáticas não estavam favoráveis para o voo. O vento soltava fortes rajadas que chegavam a balançar as asas do Juliet Oscar. Lucas então falou. “Estão vendo, o planador foi feito para voar e ele quer voar!”, falou aos risos. 

Para que um planador possa voar, primeiro ele é posicionado em uma extremidade da pista, depois um cabo é engatado em seu nariz e a outra ponta na cauda do avião monomotor. Então o avião decola, puxando o planador e quando atingem uma altitude em que é possível o planador manter o voo sozinho, o cabo é solto e o avião rebocador volta para pousar na pista.

Infelizmente, as condições não melhoraram, avistaram até mesmo um “CB” um cumulonimbus, formações nebulosas verticais que podem ser um sinal de tempestades de trovoada. Foi necessário abortar qualquer atividade na pista. Os aviões e equipamentos foram recolhidos de volta para o hangar.

Mesmo sem a possibilidade de voar, conseguimos aprender sobre a rotina e dos pilotos e conhecer mais sobre o esporte do voo a vela. O aeroclube possui voos panorâmicos para aqueles que desejam, e têm a coragem, de participar de um voo em um avião sem motor.

Curso de pilotagem

Os instrutores também realizam o curso de pilotagem. O primeiro passo é participar de um voo panorâmico com um instrutor. Para quem deseja continuar, precisa realizar um exame médico de quarta classe e então retornar ao aeroclube para fazer a inscrição. Para retirar a carteira, é preciso realizar as aulas teóricas e passar em uma prova. Depois disso já é possível fazer aulas práticas junto ao instrutor. 

Para mais informações acesse: planador.org.br

 

Poesia nos céus

Antes de voltar para Ponta Grossa, Lucas Stange nos contou o significado do voo a vela em sua vida. “Eu gosto de uma frase que diz: Se voar fosse a linguagem dos homens, o voo a vela seria poesia. A aviação pra mim é um hobbie que eu dependo, nunca pensei em ganhar dinheiro com isso. Eu quero preservar a história do nosso aeroclube e continuar voando”, enfatiza. 

Mathias também falou do seu amor pelo voo a vela, emocionado, suas palavras saíram leves e verdadeiras ao vento, como o mais belo planador voltando para a pista. “Voar de planador é algo único, precisamos prestar atenção em tudo, desde o passarinho até as condições meteorológicas. É algo diferente, é algo para quem gosta de voar. Esse clube faz parte da história, aqui temos pessoas que são médicas, dentistas, estudantes, pilotos que trabalham na Azul ou na Gol e aqui somos todos iguais, todos viemos aqui para se divertir e para voar”, conclui.

4 comentários
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Edna De Fátima TammenhainHá 2 anos CuritibaParabéns Rodrigo charneski pela bela matéria. ???
RuyHá 2 anos Curitiba“Voar de planador é melhor do que sexo “ ….. ouvi dizer !
Ana Lucia Szaucoski Há 2 anos Ponta Grossas- PRParabéns pela excelente matéria.Traduz exatamente o real sentimento de quem ama o céu e os aviões e para aqueles que não conhecem tem a grande oportunidade de mudar a sua vida fazendo o primeiro voo.
Ana Lucia Szaucoski Há 2 anos Ponta GossaParabéns pela excelente matéria.Traduz exatamente o real sentimento de quem ama o céu e os aviões e para aqueles que não conhecem tem a grande oportunidade de mudar a sua vida fazendo o primeiro voo.
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