Na madrugada desta quinta-feira (13), o cinema brasileiro perdeu um de seus grandes mestres. O renomado cineasta Cacá Diegues faleceu no Rio de Janeiro, aos 84 anos, devido a complicações pós-cirúrgicas.
Figura central na revolução do cinema nacional, Diegues foi um dos expoentes do Cinema Novo, deixando um legado de obras marcantes que atravessam gerações. Entre seus filmes mais icônicos estão Bye Bye Brasil (1979), Tieta do Agreste (1996) e Deus é Brasileiro (2003), títulos que reafirmaram sua genialidade e sensibilidade na sétima arte.
Sua partida deixa uma lacuna irreparável, mas sua obra segue viva, inspirando cineastas e amantes do cinema em todo o mundo.
Carlos Diegues, conhecido como Cacá Diegues, foi um dos mais importantes cineastas brasileiros, sendo um dos pioneiros do Cinema Novo, movimento que revolucionou a linguagem cinematográfica no Brasil. Nascido em 19 de maio de 1940, em Maceió, Alagoas, ele construiu uma carreira marcada pelo compromisso com a identidade nacional e pelas reflexões sociais presentes em suas obras.
Início da Carreira e o Cinema Novo
Desde jovem, Cacá demonstrou paixão pelo cinema. Durante a faculdade de Filosofia e Direito no Rio de Janeiro, envolveu-se com o cineclubismo e passou a se dedicar à produção cinematográfica. Seu primeiro curta-metragem, Escola de Samba, Alegria de Viver (1962), já trazia a essência do Cinema Novo: uma abordagem crítica da sociedade brasileira.
Na década de 1960, consolidou-se como um dos grandes nomes do movimento ao lado de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Leon Hirszman. Seus primeiros longas, como Ganga Zumba (1964) e Os Herdeiros (1969), retratavam temas sociais e políticos, característica que se tornou marca registrada de sua filmografia.
Consagração e Obras Icônicas
Nos anos 1970 e 1980, Cacá Diegues consolidou sua carreira com sucessos que alcançaram o grande público e reconhecimento internacional. O clássico Bye Bye Brasil (1979), estrelado por Betty Faria e José Wilker, tornou-se um dos filmes mais emblemáticos da cinematografia nacional.
Outro grande sucesso foi Xica da Silva (1976), baseado na vida da escravizada que conquistou poder e prestígio no século XVIII. O filme rendeu prêmios e consolidou a parceria do cineasta com a atriz Zezé Motta.
Na década de 1990, dirigiu Tieta do Agreste (1996), adaptação do romance de Jorge Amado, e nos anos 2000 lançou Deus é Brasileiro (2003), com Antônio Fagundes no papel de um Deus em busca de férias no Brasil.
Reconhecimento e Legado
Ao longo de sua trajetória, Cacá Diegues teve seus filmes exibidos e premiados em festivais internacionais como Cannes, Berlim e Veneza. Em 2018, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se o primeiro cineasta a ocupar uma cadeira na instituição.