"Reage, bota um cropped". Será mesmo?

Nos últimos dias, a frase “Reage, bota um cropped!” virou sinônimo de palavras motivacionais na internet, ganhando espaço em diversas redes sociais. Além de incentivo, a expressão também ganhou versões em memes e brincadeiras. Mas sem dúvida, ganhando cada vez mais adeptos como os próprios participantes do Big Brother Brasil 22.

Por mais que tenha surgido como um “grito de liberdade”, com o intuito de enaltecer a beleza real de corpos reais, elevando a autoestima das mulheres, tal expressão só continua a alimentar a objetificação de corpos femininos.

Objetificar uma mulher é desumanizá-la, reduzi-la a uma única coisa, fazendo dela um objeto de prazer, assumindo papeis de submissão diante do homem. A frase “Reage, bota um cropped” busca reforçar a coragem, a resistência, força e autoestima da mulher, mas perpetua que o real valor da mulher só existe com a exposição do seu corpo.

A objetificação corporal é perceber o corpo feminino como um objeto, que deve seguir normas e padrões específicos, independentemente de suas características e capacidades. E neste caso, é esperar que uma mulher só vai ter valor, força, coragem, resistência e conseguir lidar com uma dificuldade ou desafio da vida, se vestir um cropped.

Ser mulher é ser além do que se veste, é ser além do tamanho do seio ou da bunda. É ser muito mais do que a finura da cintura ou a genitália no meio das pernas. Ser mulher é um ato político e muito mais complexo do que pensam e nos fazem pensar.

Quer reagir? Faça terapia mulher!

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