Em uma pesquisa realizada pelo Senai sobre as medidas do corpo dos brasileiros, os pesquisadores encontraram 27 tipos diferentes de corpo de mulheres. Mais de sete mil homens e mulheres, entre 18 e 65 anos, foram avaliados.
A pesquisa aconteceu com o objetivo de ajudar a acabar com aquela dificuldade de acertar o tamanho da roupa na hora das compras. Quem é que nunca sofreu com o momento de comprar roupa nova? Muitas vezes até com antecedência, de tão angustiante que pode ser. Procurar, procurar e não encontrar uma roupa que ficasse bem no seu tipo de corpo.
Mas uma coisa que poucas pessoas sabem é que aqui no Brasil não existem tamanhos padronizados para as numerações de peças. Isso acontece devido à variedade de tipos de corpos existentes em nosso país graças à colonização e miscigenação de diferentes raças. Nós praticamente possuímos um mapa mundi todinho dentro da nossa pátria.
Aposto que você já se deparou com duas peças do mesmo tamanho, que lhe serviam e que cada uma possuía uma numeração diferente. Ou até duas peças com a mesma numeração, mas que uma servia e a outra não.
Isso é frustrante demais e faz tão mal para nossa saúde mental, principalmente para quem não tem o corpo “padrão”. Ansiedade, depressão, disforia corporal, distúrbios alimentares, automutilação e até suicídio. Tudo isso devido ao desejo de se encaixar em um “padrão” que foi estipulado pela sociedade, e que vem reduzindo as numerações cada vez mais.
Não somos nós que temos que caber na roupa, mas a roupa que precisa caber em nós. A culpa é da indústria que não faz adaptações aos diferentes tipos de corpos.
Geralmente, roupas “midsize” e “plus size” são mais caras, justamente porque as fábricas não querem produzir diferentes tamanhos. As lojas que tentam investir nisso acabam encontrando muitos empecilhos, seja por não encontrar as fábricas que topem as numerações ou, caso encontrem, o valor do frete seja exorbitante. O que acaba encarecendo o processo de produção/venda.
O sistema que determina esse padrão é injusto, irreal e lucra em cima das nossas angústias e frustrações, distorção de imagem e inseguranças.
Tudo isso acaba afetando muito mais as mulheres do que os homens. Porque segundo a nossa cultura, a mulher é quem deve “estar com tudo em cima”, e ela cobra isso de nós com as mais diversas mensagens distorcidas através da mídia.
Logo, passamos anos de nossas vidas gastando muito dinheiro, tempo e saúde mental com tudo isso, tentando alcançar um patamar inalcançável.
Não podemos esquecer que ao falarmos de “corpo padrão”, não estamos apenas falando de pessoas com o “peso ideal”. Mas da altura, formato e biotipo esperados. Então não é somente as pessoas gordas que sofrem, mas aquelas que são mais altas, mais baixas ou que possuem um formato de corpo diferente.
Por fim, entenda que cuidar do corpo com exercícios físicos e alimentação saudável não é errado. Inclusive é o ideal, mas com o intuito de cuidar da saúde física e mental. O formato dos nossos corpos nem deveria ser mais tópico de discussão em pleno 2021.
Até porque, todos os corpos são lindos como são. Praticar o autocuidado é um ato de amor-próprio e um alto investimento em sua saúde mental, mesmo que ato de autocuidado seja não se forçar entrar em roupas que não merecem esse seu lindo corpitcho!
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