A família é muito importante para a formação da nossa autoestima e da maneira que nos relacionamos com as outras pessoas. Uma vez que é dentro dela e nas relações que se estabelece, que você, que eu, que nós vamos construindo as nossas primeiras ideias sobre as nossas competências, nossas capacidades e sentimentos em relação a nós mesmos.
Estudos apontam que a família continua a desempenhar um papel importante na vida das pessoas, mesmo depois de adulto morando fora da casa dos pais. Nesses estudos, os dados apontam que as pessoas que melhor lidam com as dificuldades e os obstáculos da vida, são aquelas que tiveram relações familiares de qualidade, com apoio, carinho, afeto, acolhimento e compreensão. Entretanto, isso não é o que se encontra na maioria dos lares brasileiros.
Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, entre 80% e 90% dos casos de violência contra crianças acontecem dentro do ambiente familiar. Apenas em 2020, os canais de atendimento para violações contra os Direitos Humanos receberam mais de 95 mil denúncias de maus-tratos e violência contra crianças e adolescentes.
A violência intrafamiliar é um problema social grave e que atinge toda a população. O tipo de violência mais comum são os maus-tratos ou a negligência. Os maus tratos é uma violência que se repete todo dia e que se caracteriza pelo constrangimento, a dor e o sofrimento psíquico.
Já a negligência, indica a omissão dos responsáveis pela criança em prover suas necessidades básicas e direitos que contribuam para o seu desenvolvimento como sujeito. Outro tipo de violência frequente no ambiente familiar é o desamparo. Para nos tornarmos adultos saudáveis e capazes, é necessário termos os cuidados de outra pessoa.
A pessoa que sofre algum tipo de violência na infância, não passa imune a esse sofrimento. Normalmente ela pode ficar dividida entre o amor que sente pelo familiar e o ódio diante da violência física e emocional exercida ou permitida por este. Em muitos casos, esse desamparo pode gerar consequências gravíssimas ao psicológico da vítima, como: baixa autoestima, angústia, ansiedade, insegurança, dependência emocional, estresse, depressão e outros.
É muito importante entender que quem sofreu esses tipos de violências dentro da família, ou ainda sofre é vítima. E que esse tipo de relação é a mais difícil de quebrar, de dar outro significado, porque ela vem desde quando nem sabíamos ainda quem éramos e tudo o que sabemos começou com essas relações. É algo muito íntimo e enraizado, por isso a culpa é tão presente.
Mas engana-se quem acredita ser o responsável por tudo o que aconteceu, pois em toda relação que existe, as pessoas envolvidas são igualmente responsáveis. Para quem foi ou ainda é vítima, é necessário se cuidar e se priorizar através de algumas atitudes como na construção de uma rede de apoio saudável e de confiança e na busca de ajuda especializada, para que esse tipo de trauma não interfira nas suas relações interpessoais futuras, repetindo ciclos e revivendo angústias, podendo alcançar assim uma vida mais saudável.
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