A preparação do solo é parte essencial para garantir uma boa colheita. É por isso que a Fazenda Escola Capão da Onça da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Fescon-UEPG) aproveita a entressafra de verão para realizar o plantio de cobertura – uma cultura sem finalidade comercial, mas com objetivo de proteger o solo. O plantio é realizado em áreas que, até o verão, tinham soja, milho e feijão, e agora recebem o nabo forrageiro. Essa espécie contribui para melhorar a nutrição e descompactar o solo, evita o crescimento de plantas daninhas e atrai polinizadores que melhoram a produção. O processo de utilização do nabo como cultura antecessora pode gerar um aumento na produtividade que, no caso do milho, chega a até 25%, de acordo com pesquisas.
O nabo possui uma raiz agressiva, que cumpre a função de romper camadas do solo, formar galerias e permitir maior penetração de água. Dessa forma, contribui na descompactacão do solo. Além disso, o nabo possui uma função nutricional ao disponibilizar substâncias para a cultura que vem em seguida. Nitrogênio, potássio e fósforo são alguns dos principais nutrientes fornecidos. Trata-se de uma planta que num período de 60 dias já se desenvolve e floresce. Com isso, ela absorve nutrientes do solo e traz para a superfície.
Outra característica do nabo é o fato de ter flores atrativas para abelhas. Devido a disponibilidade do pólen, as abelhas passam a fazer parte do sistema produtivo. De acordo com pesquisas, a presença de abelhas em áreas com soja chega a gerar um incremento de produtividade de 3% a 5%. “Se pegar uma média de 60 sacas por hectare, isso vai representar 2 a 3 sacas. O valor da saca de soja é de R$ 140. Com isso, gera R$ 450 de incremento por hectare simplesmente pela presença dos polinizadores”, explica o professor coordenador da Fescon, Orcial Bortolotto.
Ainda, o crescimento agressivo do nabo contribui ao reduzir a chegada de luz no solo, o que diminui a proliferação de ervas daninhas. “O nabo cresce rapidamente e não deixa a luz chegar ao solo, reduzindo as plantas daninhas. Isso representa uma redução nas despesas com herbicidas também”, conta o professor Orcial.
O processo de rolamento
Na Fazenda Escola, o nabo já foi rolado e dessecado e, com isso, a disponibilidade é para iniciar o plantio entre o final de agosto e início de setembro. A equipe da Coordenadoria de Comunicação acompanhou a atividade de rolamento, que contou também com a presença do servidor Jeferson Pinheiro dos Santos e do estagiário e acadêmico do segundo ano de Agronomia, Guilherme Taborda dos Santos.
O professor Orcial alerta que cada produtor deve avaliar qual a melhor planta de cobertura para a sua área. O produtor que tem problemas com mofo branco, que é uma doença de frio e altitude, precisa de cautela com o nabo antecedendo o plantio de feijão ou soja. O nabo pode facilitar esses patógenos. “Se for trabalhar com o plantio de milho, não tem problema nenhum. Ou se não tiver histórico de mofo branco, pode trabalhar tranquilamente. O nabo pode acabar prolongando a sobrevivência dos patógenos”, alerta o professor.
Texto: André Packer | Fotos: Tierri Angelucci