A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) recebeu, entre 12 e 14 de junho, a 5ª edição do Fórum Paranaense de Arborização Urbana (FPAU), promovido em parceria com a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU). Realizado pela primeira vez em Ponta Grossa, no Campus Uvaranas, o evento reuniu especialistas, estudantes e gestores públicos para discutir práticas sustentáveis nas cidades brasileiras e a construção do Plano Nacional de Arborização Urbana.
UEPG no centro do debate
A coordenadora do Fórum, professora Silvia Meri Carvalho, do Programa de Pós-graduação em Geografia da UEPG, destaca a importância da UEPG como sede de um evento de abrangência estadual e com representação nacional. “A Universidade é colocada à vista, promove troca de conhecimento e tem a oportunidade de mostrar o que tem pesquisado, ao mesmo tempo em que acolhe pessoas para discutir o Plano Nacional de Arborização Urbana.” Ela ressalta ainda o papel estratégico do Fórum diante do projeto de lei em discussão no Congresso Nacional. “Existe uma proposta de política nacional que vai estabelecer diretrizes para todos os municípios. É importante que gestores públicos estejam aqui para ouvir as demandas e necessidades dos municípios, isso pode influenciar o resultado do plano”.
A presidente da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU), Ana Lícia Patriota Feliciano Marangon, considera que o evento acontece em um momento decisivo. “O tema escolhido é extremamente importante, já que estamos em processo de discussão e construção do Plano Nacional de Arborização Urbana”. Ela também alertou sobre o cuidado com o plantio urbano. “Arborização não é só plantar. É preciso plantar a árvore certa no lugar certo, para que assim a gente possa aproveitar todos os benefícios que as árvores nos proporcionam”.
O pró-reitor de Assuntos Administrativos da UEPG, professor Emerson Martins Hilgemberg, destacou a pluralidade da universidade pública e a importância de discutir a arborização. “A cor institucional da UEPG é azul, mas essa universidade não é só azul. Ela é preta, branca, colorida. E hoje, é verde”. Para ele, eventos como o Fórum são fundamentais para mobilizar a comunidade em torno de pautas relevantes. “A universidade pública vive tempos difíceis. Muitas vezes, a ciência é tratada como dispensável, como algo de pouca utilidade, mas é justamente o contrário. Nosso desafio é fazer com que o conhecimento produzido aqui se transforme em ações viáveis e práticas”.
Membro da comissão organizadora do evento, o engenheiro florestal Maurício Bonesso Sampaio explicou o motivo da escolha de Ponta Grossa como sede da quinta edição do Fórum. “É uma cidade com boa infraestrutura e localização. É bonita, agradável e tem investido na arborização urbana, mesmo com os desafios que todas as cidades enfrentam”.
Sampaio é técnico do Instituto Ambiental de Maringá e considera que a realização do Fórum é fundamental para a formação continuada de profissionais no Paraná. “Percebo que muitas informações não chegam para a gente porque, com as demandas do dia a dia nas prefeituras, nem sempre há tempo de parar para ler bibliografia e ir atrás de livros e artigos científicos. Já esse Fórum permite adquirir conhecimentos importantes e atualizados de forma rápida”.
Construção de políticas públicas
A coordenadora-geral do Departamento de Meio Ambiente Urbano do Governo Federal, Jennifer Viezzer, participou do evento, representando o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Ela afirma que o Fórum contribui diretamente na construção do Plano Nacional de Arborização, e que o Paraná tem papel de destaque no processo. “É um dos nossos parceiros na construção do plano. Queremos nos aproximar dos estados e municípios para entender as especificidades regionais, conhecer boas práticas e necessidades locais”.
Jennifer enfatiza a importância de envolver todos os setores no processo. “É a primeira vez que estamos construindo uma política pública nacional para a arborização urbana, um tema que costuma ficar a cargo dos municípios, num nível muito local. Queremos definir responsabilidades compartilhadas entre todos os entes federativos, e também definir papéis para o setor privado, academia e sociedade civil, para todos agirem de forma coordenada e conjunta em favor da arborização0.”
O município de Ponta Grossa também está em processo de construção de um Plano Municipal de Arborização Urbana. A secretária municipal de Meio Ambiente, Carla Martins Kritski, comemorou o fato de a cidade sediar, pela primeira vez, uma edição do Fórum Paranaense de Arborização Urbana. “É importantíssimo receber esse tipo de evento na nossa cidade”, afirma. A secretária reforça a relevância do tema e considera que o Fórum permite compartilhar experiências e desafios comuns às gestões municipais. Ela também aponta a necessidade de integrar novas tecnologias ao planejamento urbano. “Esse evento traz discussões importantes não só sobre técnicas de produção e qualidade de mudas, mas também sobre como utilizar a tecnologia a nosso favor”.
Arborização como saúde pública
O engenheiro florestal Maurício Bonesso Sampaio afirma que a arborização urbana traz uma série de benefícios para a sociedade, muito além da estética. “É uma questão de saúde pública. As árvores filtram o ar que a gente respira, melhoram a condição psicológica, ajudam na absorção da água e na drenagem urbana”, aponta.
Entre os ouvintes do Fórum, a estudante do Bacharelado em Geografia da UEPG, Bianca Hilgemberg, destaca a importância da arborização urbana para o bem-estar da população. “Como futura geógrafa, eu vejo que a arborização melhora muito a qualidade de vida das pessoas”. Bianca também ressalta o papel da arborização na prevenção de desastres urbanos, como alagamentos, que são recorrentes em Ponta Grossa. “Se a cidade tivesse um plano de arborização mais bem estruturado, isso facilitaria muito a vida da população, trazendo mais segurança e qualidade ambiental”.
A professora Karin Linete Hornes, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Geografia da UEPG, reforça a dimensão coletiva do cuidado com as árvores. “Ninguém planta uma árvore pensando em si, porque a sombra é sempre futura, é sempre para o próximo.” Ela também defende a continuidade das ações conjuntas. “É uma alegria ver universidade e poder público atuando juntos, unindo pesquisa e extensão, comunidade e academia. Que a gente não pare de plantar árvores, e que para cada uma derrubada, possamos plantar dez”.
Texto e Fotos: João Pizani