Após o vazamento de áudios, o deputado Arthur do Val confirmou a autoria e pediu desculpas, dizendo ter sido um erro tudo o que disse, coisa de “moleque”. E pediu, encarecidamente para que seja avaliado e punido somente pelo que fez, e não pelo que não fez.
Mas o que ele quis dizer com isso? E o que significa todo esse seu pedido de desculpas?
O deputado brasileiro Arthur do Val, viajou até à Ucrânia com o intuito de arrecadar doações para refugiados ucranianos após a invasão da Rússia ao país, ao invés de investir sua energia com ações voltadas para a população do seu país de origem, que no caso é o Brasil. Mas até aí, “tudo bem”.
A questão é que Arthur enviou áudios no WhatsApp que, segundo ele, eram destinados para um grupo de amigos do futebol. E no fim, estes áudios foram vazados. É, nem todo herói usa capa, não é mesmo?
Em meio ao cenário de guerra, o que mais chamou a atenção do deputado para se empolgar a ponto de enviar diversos áudios aos seus companheiros de “pelada”, não foram os conflitos, cenas de destruição, morte e sofrimento, mas sim as mulheres ucranianas.
Segundo ele, a fila de uma balada brasileira não chegava aos pés da beleza de uma fila de refugiadas do leste europeu. E que, as cidades mais pobres são as melhores, pois as mulheres de lá são fáceis justamente devido a sua condição econômica.
Um ponto que realmente me preocupa, é que, embora ele diga que não tenha pegado ninguém (algo que ele repetiu inclusive no seu pedido de desculpas), comemorou só pela sensação de saber que poderia fazer. Esse tal “poder” dos homens sobre os corpos femininos é a objetificação do feminino, o tratamento da mulher como um simples objeto de posse, destinado à satisfação do homem. Fala que é extremamente machista, sexista e perversa.
Mas que denuncia também, colegas de sua convivência, pois no áudio relatou um tal de “tour de blond” de qual o coordenador do MBL Renan Santos seria experiente. Enquanto ele vê essa tal “tour” como uma viagem só para pegar loira, a realidade e as leis dizem outra coisa: turismo sexual.
Arthur do Val nada mais é do que um belo exemplo da sociedade hipócrita machista patriarcal. Ele falou esse tipo de coisa nos áudios, porque tem muitos homens que concordam com ele. Afinal, seus áudios foram enviados para um grupo no WhatsApp. E se fosse um grupo dele com ele mesmo, os áudios não teriam vazado assim, né?
A exploração sexual de mulheres pobres e vulneráveis é muito presente no sistema em que vivemos. Inclusive, Brasilzão em época de Carnaval é um dos destinos preferidos destes homens apreciadores de turismo sexual. O dólar deles a R$ 5,08 aqui no nosso país, compra muitas mulheres, porque como diria Arthur: são pobres.
Por fim, ele insiste em ser julgado apenas pelo que fez. Ou seja, como ele não “pegou” nenhuma ucraniana não poderia ser julgado por isso. Ser ético é assumir suas responsabilidades enquanto todos estão de olho, como Arthur está fazendo, assumindo a autoria dos áudios e respondendo às entrevistas. Mas caráter é aquilo que você faz quando ninguém está olhando.
É esse tipo de pessoa que queremos nos representando na política? Definitivamente Arthur não conseguiria reproduzir seu rolê internacional nas filas das baladas aqui do Brasil, até porque com as brasileiras esse tipo de “moleque” não se cria. As eleições só devem acontecer em outubro, mas a hora de começar a pensar sobre isso é agora.
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