Um pedaço importante da história da Legião de Maria está no Paraná. Está em Ponta Grossa. A cidade foi a segunda do Brasil a ter um núcleo com membros ativos da Legião, depois do Rio de Janeiro, em 1954. Neste 18 de maio se comemora os 70 anos de fundação do Praesidium Nossa Senhora do Rosário. Uma missa em ação de graças, neste sábado, às 14h30, na matriz da paróquia, lembra o dia em que a representante da Legião de Maria no Brasil, Joaquina Lucas, solicitou permissão ao bispo Dom Antônio Mazzarotto e criou, simultaneamente, quatro grupos em Ponta Grossa: na Paróquia São José, Paróquia Nossa Senhora do Rosário, Paróquia Sant’Ana, em Castro, e no Colégio Sant’Ana. Das sementes lançadas, na época, apenas uma floresceu, o Praesidium Nossa Senhora do Rosário.
A primeira diretoria era composta por Nadesna Schullan (presidente), Rosa Zanetti (vice), Jessy Palermo (secretária), Anita Cavalin (tesoureira) e Maria Luíza Zanetti, Olga Baran, Judith Tomé e Irene Baran, como membros ativos. O diretor espiritual era o padre Francisco Bürman. Um documento da época registra que o manual era em espanhol, que a ata era enviada ao Rio de Janeiro e voltava, então, para ser transcrita no livro de atas. As reuniões duravam uma hora e meia, e eram realizadas uma vez por semana, em uma sala cedida pela paróquia. Periodicamente, aconteciam visitas às casas, sempre aos pares e “sem deixar sequer um lar sem sua visita anual. Este movimento aqui se solidificou e espalhou-se por todo o Paraná”, diz o documento.
As quatro primeiras legionárias da paróquia foram Olga Baran, Irene Baran, Judith Tomé e Maria Zanetti. Na Legião de Maria desde 1987, Maria de Lurdes Matuch começou a acompanhar o movimento por influência da sogra, Sophia Nalevaico, que já era legionária da Nossa Senhora do Rosário quando do casamento do filho, em 1976. “Quando as minhas três filhas ingressaram na Catequese fui convidada para ser legionária auxiliar. Fiquei como membro auxiliar de 1987 a 2000, junto com a minha sogra. Cumpria os trâmites todos da Legião, sempre na paróquia”, relembra Lurdes, que, no ano 2000, passou a legionária ativa depois de uma experiência inspiradora.
“Estávamos voltando de um piquenique, na região do Alagados, no dia 16 de janeiro. Minha filha estava aprendendo a dirigir com o namorado. O carro morreu ao passar sobre a linha férrea. Minha filha mais nova, a Mariane, conseguiu sair do carro, mas o namorado e sua irmã de nove anos, que estava no carro, não. Pela graça e proteção de Nossa Senhora, por quem ela gritou ao saltar do carro, todos saíram intactos. Ao chegar em casa, a capelinha de Nossa Senhora estava lá. Acendi uma vela e fui rezar, agradecer pela vida deles. O carro deu perda total. Ao olhar a pequenina imagem de Nossa Senhora do Rosário, eu disse que queria fazer algo por ela e dar o meu testemunho a vida toda. Parece mentira, mas no fim da tarde, a Alice (Bello, presidente na época), que eu conhecia de passagem, me ligou. Perguntou se eu estava cumprindo as obrigações de legionária auxiliar e me convidando para conhecer melhor a Legião. Ela estava atualizando a lista dos legionários. Eu perguntei dos encontros, a que horas era, quando...Ingressei no final de janeiro de 2000. Me apaixonei pelo movimento, pelo trabalho, por tudo o que feito. Me dediquei à vida de legionária”, conta Lurdes. Por problemas de saúde ela está afastada, mas, garante que continua legionária. “A partir do momento que me tornei legionária nunca mais me senti sozinha. Durante esse tempo, por nove anos, participei do Comissium Imaculada, como secretária. Ficava três anos no cargo, me afastava, voltava. E fui presidente do Praesidium por muitos anos. Quando me afastei, há dois anos, era presidente. Ser da Legião é se consagrar a ela e viver 24 horas por dia, ajudando e auxiliando em tudo o que pode no trabalho legionário na paróquia, na comunidade, com o que o pároco precisar. Eu estou sempre à disposição e de braços abertos”, garante.
Também afastada por motivos de saúde, Alice Bello cita que conheceu a Legião de Maria através das irmãs Dinorá e Maria Barreto, em 1975. As duas iam visitar sua mãe doente e sempre a convidavam para ir conhecer o movimento. “Era eu que tinha que cuidar da minha mãe e só depois do falecimento dela é que ingressei na Legião. Não fazia muito tempo disso, tive que me submeter a uma grande cirurgia devido a um câncer, mas estou em pé, trabalhando para Maria, nossa mãe, nossa rainha. Às vezes, a gente se sente alegre, temos momentos tristes, mas sempre apoiada pelas mãos de Maria. Fazia rodízio com a Maria de Lurdes: eu era presidente, ela era vice; depois, ela era presidente e eu, vice. E assim foi por muitos anos. Hoje, estou em férias, mas não definitivas. Porque, em breve, voltaremos a trabalhar como sempre trabalhamos pela vitória de Maria, vitória da paróquia e de Deus”, detalha a legionária.
Legião de Maria
A Legião de Maria foi fundada por Frank Duff, leigo, nascido em Dublin, na Irlanda, onde fundou o primeiro grupo (Praesidium). É uma Associação de Católicos que, com a aprovação da Igreja e sob o poderoso comando de Maria Imaculada, medianeira de todas as graças, se constituíram em Legião, para servir na guerra, perpetuamente travada pela Igreja, contra o mal que existe no mundo. Além disso, é uma Associação civil, religiosa, de caráter doutrinário, assistencial e cultural.
A administração da Legião de Maria está confiada aos seus diversos Conselhos. A estes cabe, dentro da esfera da sua jurisdição, assegurar a unidade, defender os ideais primitivos da Legião de Maria, guardar puros o seu espírito, os seus regulamentos e os seus costumes, conforme o Manual Oficial da Legião – e, finalmente, tratar da sua expansão. Em ordem decrescente, os Conselhos que compõem a Legião de Maria são Concilium Legionis (autoridade suprema, com sede em Dublin), Senatus (designado pelo Concilium para exercer autoridade numa nação), Regia (escolhido pelo Concilium para exercer autoridade em uma região), Curia (fusão de dois ou mais Praesidia em uma região), Comitium (governa seus próprios Praesidia) e Praesidium (núcleo de membros ativos).
Em 10 de maio de 2008 foi fundado em Ponta Grossa o Senatus Assumpta de Ponta Grossa, responsável pelas regiões do Paraná e Santa Catarina. A atual presidente do Praesidium Nossa Senhora do Rosário é Márcia Santos.