Elas chamam a Universidade de casa. Ao mesmo tempo, elas, as mães, são lares para seus filhos. Professoras, pesquisadoras e alunas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) contam suas histórias e seus olhares sobre maternidade e falam sobre os desafios de conciliar a vida acadêmica com a educação dos filhos.
Para marcar o Dia das Mães, a UEPG aborda o reflexo da maternidade na sala de aula e o mundo que as mães sonham construir para seus filhos, por meio do estudo e do trabalho. Em todas as suas particularidades, as mães da UEPG revelam que, apesar dos desafios em comum, a maternidade é uma experiência vivida de forma única por cada uma. Nos próximos dias, serão publicados, no site e redes sociais da UEPG, histórias de mães que estudam e trabalham na UEPG.
Maternidade é a vida acontecendo
A estudante Hemili Maruim assiste a uma palestra do Programa de Pós-graduação em Educação da UEPG (PPGE), do qual é aluna de Mestrado, no Campus Uvaranas. Ela não está sozinha. No colo está sua filha, a pequena Melanie. Durante diversos momentos, Hemili se retira para alimentar e trocar as fraldas da bebê. Logo em seguida faz Melanie dormir. Em várias ocasiões, colegas e professores de Hemili pegam a criança no colo para que a estudante volte à atividade. Esta é a rotina de muitas mães que são alunas nas universidades.
A estudante destaca o papel da rede de apoio para as mães na Universidade. Ela percebeu esta importância ao comparar a experiência atual com a do seu primeiro filho, Theo, que ocorreu durante a pandemia de Covid-19, enquanto cursava Pedagogia, permitindo que estudasse de forma remota. Após se formar, optou por voltar à Universidade pelo Mestrado em Educação da UEPG. Enquanto se preparava para a seleção, recebeu a notícia da vinda de sua segunda filha. A informação não abalou a vontade de seguir os estudos, pois contou com apoio e compreensão de seu esposo, em casa, de seus professores e sua orientadora, professora Ione Jovino.
Quando Melanie nasceu, em outubro de 2023, a estudante tinha finalizado parte da carga horária obrigatória do Mestrado. Entre as dificuldades e a incerteza sobre a possibilidade de manter sua bolsa, ela conseguiu a licença maternidade, que possibilitou realizar parte da sua pesquisa de forma remota, em casa. “A gente não para, apenas nos afastamos do ambiente da Universidade, mas continuamos na ativa. Uma semana após o nascimento da Mel, eu estava apresentando trabalho”, relata a estudante.
Ela avalia que, entre as dificuldades e as possibilidades que a sua rede de apoio oferece dentro e fora da UEPG, a rotina de uma pesquisadora mãe de duas crianças demanda um psicológico forte. “Eu finalizei a pouco o primeiro capítulo da dissertação. Tiveram noites que eu consegui escrever apenas depois que eles adormeciam, quando conseguia. No final da noite sobram menos de quatro horas de sono”, desabafa.
Para Hemili, após a maternidade, até as pequenas conquistas no ambiente acadêmico a engrandecem. “Eu pensava muito no começo que teria tudo planejado: ‘Primeiro o vestibular, em seguida faço a graduação e, depois que me estabilizar financeiramente, penso em filhos’. Mas a vida vai acontecendo, junto com a formação, tudo misturado. Não há separação”. Para ela, o mais importante é ter em mente que todos os desafios são fases que passam e as recompensas são enormes. “No final, a gente dá conta”.
Ainda sobre planos que mudam com a vida, Hemili revela que foi a maternidade que a levou para a área da pesquisa. Como pesquisadora, dedica-se ao estudo sobre a representação de crianças negras em livros didáticos na Rede Municipal de Educação de Ponta Grossa. “Meu objetivo era de atuar trabalhando em escolas. Quando o Theo nasceu eu pensava em tudo que sofri, enquanto pessoa negra, e que não desejava para ele. Senti a necessidade de pesquisar essas questões afirmativas sobre a identidade dele, que também é uma forma de fazer política”. Hemili, assim como outras mães que atuam na Ciência, sonha ver seus estudos se materializando em mais qualidade de vida para seus filhos.