Os benefícios proporcionados pela prática de atividade física regular são bem documentados em inúmeros estudos. Frequentemente, novas vantagens são descobertas em pesquisas, como sua participação no amadurecimento do cérebro. Em publicações mais recentes, pesquisadores relatam que a prática de exercícios físicos ajuda no desenvolvimento de regiões cerebrais que processam a memória e a aprendizagem.
É de amplo conhecimento que a prática de esportes e atividades físicas impacta positivamente na saúde de todo o corpo. Entretanto, antigamente acreditava-se que o cérebro atingia o ápice de seu amadurecimento no início da fase adulta e que, a partir de então, ele apenas se deteriorava com o avanço da idade, sem produção de novos neurônios ou qualquer tipo de desenvolvimento tardio.
Com novos estudos sendo realizados ao redor do mundo, esse conhecimento mostrou-se equivocado. Novas publicações científicas têm analisado a relação entre a prática regular de atividades físicas e o desenvolvimento do cérebro, com resultados que mostram um crescimento na neuroplasticidade.
Ao longo da vida, o órgão do sistema nervoso recebe vários tipos de estímulos em diversas situações e, através disso, processa as novas informações e se ajusta a elas, promovendo o seu progresso e evolução. Esse processo, que recebe o nome de neuroplasticidade, está relacionado à capacidade de adaptação do cérebro, que adquire novas propriedades funcionais e estruturais à medida que é exposto a novos impulsos.
Um estudo publicado na NeuroImage, em 2021, periódico da área de funcionamento cerebral, analisou através de exames de imagem as atividades cerebrais de 247 adultos, entre 60 e 80 anos, por 6 meses. Através da ressonância magnética do cérebro dos participantes, foi possível observar o aumento de substância branca no grupo de indivíduos que realizavam exercícios aeróbicos (caminhadas) regularmente.
A substância branca é uma região cerebral responsável pela transmissão de mensagens, fazendo ligações neurais de diferentes áreas. A comunicação do sistema nervoso é uma de suas principais funções, além do armazenamento e processamento de informações. Essa parte do cérebro é frequentemente debilitada pelo avanço da idade, acarretando queda de saúde cognitiva, sendo uma das mais afetadas pela doença de Alzheimer.
Em outro estudo, da Universidade de Harvard, trabalha-se com a hipótese de que a prática regular de atividades aeróbicas favorece a geração de novos neurônios no hipocampo. A pesquisa separou dois grupos de ratos de laboratório, um deles em ambiente enriquecido, com interações sociais e atividades físicas, e o outro sem quaisquer estímulos. Nos indivíduos que se mantiveram ativos, foi constatada a geração do dobro de neurônios nessa região.
Já um levantamento da Washington University in Saint Louis, publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, estudou imagens de ressonância magnética de cerca de 10 mil indivíduos. Através da análise, foi observado um maior volume cerebral em praticantes de atividades físicas, principalmente na região do hipocampo.
Os resultados das pesquisas ainda são preliminares, e é necessário que os estudos continuem sendo realizados para obter resultados mais concretos. Entretanto, muitos pesquisadores da área atestam a criação de novos neurônios, aumento no volume cerebral e realização de sinapses e melhora do fluxo sanguíneo no cérebro e no corpo, com a formação de novos vasos sanguíneos.
Os exercícios físicos podem ser aliados importantes para a manutenção da saúde do sistema nervoso, independentemente da idade. A alimentação também afeta o funcionamento do cérebro e pode influenciar nos ganhos proporcionados.
Por isso, é importante manter uma dieta balanceada, apostando em peixes ricos em ômega 3 (ácidos graxos), que melhoram a capacidade cognitiva, frutas vermelhas, ricas em anti-inflamatórios e antioxidantes, além de preparar um pré-treino reforçado para obter mais energia durante os exercícios