A esporotricose, uma doença fúngica emergente, tem causado crescente preocupação no Brasil, especialmente no estado do Paraná, onde os casos mais que dobraram no último ano. Segundo dados da Secretaria de Saúde (Sesa), em 2022, o estado registrou 215 casos em humanos, mas em 2023, até outubro, esse número já ultrapassou os 660. Além disso, as notificações em animais aumentaram significativamente, passando de 793 para 2.274 no mesmo período.
Ações integradas entre profissionais de saúde, pesquisadores, autoridades e a comunidade são fundamentais para enfrentar esse desafio de saúde pública. A esporotricose é uma infecção causada pelo fungo Sporothrix, comum em ambientes com matéria orgânica em decomposição, como solo, palha e madeira. Esta doença afeta principalmente gatos, podendo levar a lesões cutâneas e, em casos mais graves, a uma disseminação sistêmica. Contudo, também pode afetar seres humanos. Os felinos são grandes portadores da doença, principalmente por seus hábitos de escavar a terra, que é onde o fungo pode ser encontrado. Ela é uma doença sempre existiu, mas, por ser um agente infeccioso e agora termos os pets como membro da família, a disseminação ficou facilitada.
Os sintomas da esporotricose podem variar de acordo com o local da infecção. Em humanos, a doença geralmente se manifesta na pele, com o surgimento de lesões avermelhadas, que podem ser pequenas ou grandes, únicas ou múltiplas. As lesões podem ser dolorosas ou não, e podem evoluir para ulcerações. Em casos mais graves, a esporotricose pode se espalhar para os vasos linfáticos, causando inchaço nos gânglios linfáticos. Também pode atingir órgãos internos, como os pulmões, o fígado e o coração.
A doença, em humanos, se manifesta na pele, no tecido subcutâneo e vasos linfáticos, podendo afetar órgãos internos. Já em animais, ela pode apresentar lesão de pele e na mucosa, até sinais extra cutâneos, principalmente respiratórios e manifestações sistêmicas. As lesões na pele são as mais comuns, mas também podem ocorrer problemas respiratórios, como tosse e dificuldade para respirar. Em casos graves, a doença pode levar à morte.
Tratamento no Paraná
O tratamento da esporotricose é feito com antifúngicos. O tipo de medicamento e a duração do tratamento variam de acordo com a gravidade da doença. Atualmente, no Paraná, o tratamento é disponibilizado gratuitamente para humanos e animais, mediante diagnóstico médico e veterinário, em toda rede pública. Essa medida visa facilitar o acesso ao tratamento, fundamental para controlar a disseminação da doença.
Em termos de prevenção, é crucial compreender os sinais e sintomas da esporotricose. Nos gatos, lesões na pele são comuns, enquanto em seres humanos, a doença pode se apresentar como úlceras na pele que não cicatrizam e podem demorar até 14 dias para os sintomas aparecerem. A busca por assistência médica e veterinária ao menor sinal da doença é essencial para um tratamento eficaz.
Além disso, as autoridades de saúde do Estado têm implementado medidas preventivas para conter o surto de esporotricose. Isso inclui campanhas de conscientização sobre a doença e seus riscos, vacinação direcionada aos felinos, monitoramento contínuo dos casos em animais e humanos, bem como tratamento gratuito para casos confirmados.
A esporotricose emergiu como um desafio significativo no Paraná, exigindo esforços coordenados para conter sua disseminação e proteger a saúde pública. O acesso facilitado ao tratamento e as estratégias de conscientização e prevenção desempenham um papel crucial nesse processo. É essencial que a população esteja ciente dos riscos, busque ajuda ao menor sinal da doença e participe ativamente das ações propostas pelas autoridades de saúde.
Vanessa Yuri de Lima é coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Câmpus Toledo