O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSD) destacou nesta terça-feira, 8, que o crescimento da população indígena no Brasil - 1.693.535 no Brasil e 30.460 no Paraná, de acordo com o censo do IBGE - aponta mais que um processo de autoafirmação como também resultado de uma história recente de lutas pelos direitos dos povos originários. "Lembro o filme Terra dos Índios, de Zelito Viana, que fez parte da minha formação política, contava 200 mil índios no País em 1978. Muito temos que avançar, mas esse crescimento é fantástico e mostra que estamos no caminho certo na autodeterminação dos povos indígenas", disse.
Romanelli disse que a defesa da população indígena faz parte da sua vida pública. Em 2003, na presidência da Cohapar, criou o programa Casa da Família Indígena, referência a outros estados. Em 2007, Romanelli apresentou na Assembleia Legislativa a lei que prevê a concessão de bolsa auxílio aos estudantes indígenas das universidades públicas do Paraná. "A bolsa de um salário mínimo contribui para o acesso às universidades públicas paranaenses", disse.
Neste ano de 2023, o vestibular dos povos indígenas dispôs 52 vagas: seis para cada uma das sete universidades estaduais e 10 para a UFPR. Criado em 2001, o vestibular garantiu no passado a matrícula de 291 estudantes índios na UEL, UEM, UEPG, Unioeste, Unicentro, Uenp, Unespar e UFPR.
História de lutas
"A luta dos povos indígenas pelos seus direitos e, principalmente, pela demarcação de suas terras é histórica em todo o País. No Paraná, tivemos lideranças como cacique caingangue Ângelo Kretã, vereador do MDB, que entre 1978 e 1979 liderou a retomada de posse das terras indígenas de Chapecó (SC), Rio das Cobras (PR) e Mangueirinha (PR). Mais recentemente, nos anos 1990 e 2000, acompanhei a luta dos avá-guarani pela demarcação de suas terras na região oeste do Paraná", lembra Romanelli.
Ainda no Paraná, segundo Romanelli, a autodeterminação dos povos indígenas passa pela garantia do acesso aos serviços de saúde e segurança alimentar. "A contribuição dos índios no Paraná é vasta, vai da cultura à alimentação. Vale lembrar ainda que Paraná, Curitiba, Iguaçu, Itaipu, Paranapanema, Paranaguá, Tibagi e Marumbi, entre outras tantas, são do vocabulário indígena", disse.
De acordo com o IBGE, em relação ao censo de 2010, o Paraná teve um aumento de 14% na população indígena. Dos 399 municípios paranaenses, 178 apresentaram aumento e 345 cidades com registro de ao menos um indígena autodeclarado - 86% do total.
O Paraná tem a 14º maior população indígena do País e a segunda maior a região Sul, atrás de Rio Grande do Sul, com 36.096 (evolução de 6,1% em relação aos 34.001 de 2010), e à frente de Santa Catarina, que tem 21.541 indígenas (aumento de 18,2% em relação aos 18.213 de 2010).
Censo
Amazonas lidera o ranking, com mais de 490 mil indígenas, seguido pela Bahia, com mais de 229 mil, e Mato Grosso do Sul, com mais de 116 mil pessoas. No Brasil, a população que se autodeclara dessa forma chegou a 1.693.535 pessoas, o que representava 0,83% da população total.
De acordo com o levantamento, 13.887 dos indígenas moram em terras de demarcação no Paraná, com destaques para a Rio das Cobras, na região Centro-Sul do Estado, a maior terra indígena paranaense e a 50ª maior do País, segundo o Censo, com 3.102 índios. A segunda maior é a Terra de Mangueirinha, no Sudoeste, com 1.994. Na sequência estão Ivaí, com 1.886 indígenas, Apucarana, com 1.636 pessoas, e Palmas, com 725.
Os outros 16.573 indígenas moram fora das regiões demarcadas. Em comparação com os dados gerais do País, o Paraná está acima da média nacional, com 45,59% da população morando em terras indígenas. No Brasil, a proporção é de 36%. Nas terras demarcadas, ainda existem 374 moradores não indígenas. Isso quer dizer que mais de 97% dos ocupantes das terras demarcadas são indígenas, o que representa o 7º maior índice do Brasil.
A população indígena do País chegou a 1.693.535 pessoas em 2022. Um pouco mais da metade (51,2%) estava concentrada na Amazônia Legal. Em 2010, quando foi realizado o Censo anterior, foram contados 896.917 indígenas no Brasil.
Terra de índios
A maior parte dos indígenas (44,48%) está concentrada no Norte. São 753.357 indígenas vivendo na região. Em seguida, com o segundo maior número, está o Nordeste, com 528,8 mil, concentrando 31,22%. Juntas, as duas regiões respondem por 75,71% desse total. As demais têm a seguinte distribuição: Centro-Oeste (11,80% ou 199.912 pessoas indígenas), Sudeste (7,28% ou 123.369) e Sul (5,20% ou 88.097).
Dos 5.568 municípios brasileiros, acrescidos do Distrito Federal e de Fernando de Noronha, 4.832 tinham, em 2022, pelo menos um residente indígena, o que representa 86,7% do total. Dentre eles, 79 municípios tinham mais de cinco mil habitantes declarados indígenas, um aumento na comparação com 2010, quando eram 42 municípios com, no mínimo, esse quantitativo.
A terra indígena com maior número de habitantes indígenas é a Yanomami (AM/RR): 27.152, ou 4,36% do total de indígenas em terras indígenas. Raposa Serra do Sol (RR) vem a seguir, com 26.176 indígenas e a Terra Indígena Évare I (AM), com 20.177, aparece em terceiro lugar no ranking.