Neste dia 24 de maio é comemorado o Dia do Datilógrafo. O nome pode soar estranho para os mais jovens, mas nas décadas de 80 e 90 o curso de datilografia era indispensável para os profissionais que desejam entrar no mercado de trabalho. Antes da popularização dos computadores, era o som das máquinas de escrever que dominava nas empresas.
“A máquina de escrever era como o nosso computador da atualidade”, compara a professora Adriane Bueno, profissional de datilografia, destacando a necessidade do aparelho para o trabalho e estudo em décadas passadas. “Aprender a manuseá-la era fantástico. Poder digitar um texto sem precisar olhar as teclas, com agilidade, sair tudo uniforme e com excelente apresentação, era fascinante na época”, descreve.
A máquina de datilografia era acionada como uma alavanca a cada nova letra pressionada no teclado. Ao contrário da praticidade e suavidade dos teclados de computadores, as teclas na máquina de escrever eram mais pesadas, exigindo maior esforço ao digitar. Ao ser pressionada, a letra escolhida batia em uma fita coberta de tinta, que era posicionada sobre a folha de papel, onde o texto era impresso.
“Lá nos anos 80 e 90, quando a gente estava despontando para ser profissional, de qualquer espécie, quando se ia numa empresa era necessário que você tivesse o curso de datilografia”, explica o empresário e comunicador Altair “Taíco” Nunes, que frequentou uma antiga academia de datilografia, na época situada na Rua Dr. Colares, no Centro de Ponta Grossa.
Ele comenta que, no início, o aprendizado era complexo e exigia bastante esforço e atenção. “Em um primeiro momento era difícil, porque você tinha que saber o posicionamento das mãos, mas era muito gostoso. Quando você terminava o curso, sabia que já tinha uma profissionalização e que seria muito importante dali para frente”, comenta Taíco. “Com certeza os empregos que nós tivemos lá na fase dos anos 90 foram devido ao curso de datilografia”, garante.
Adriane conta que fez o curso de datilografia e auxiliar de escritório do Serviço Nacional de Aprendizado Comercial (Senac). O curso durava seis meses e as aulas aconteciam todos os dias, das 13h às 17h. “Tínhamos diariamente duas horas de treino de datilografia e duas horas de estudos sobre arquivos, contabilidade, documentação de escritório, como ofício, memorando, entre outros”, detalha.
“Algo bem interessante é que para cada documento tínhamos uma matriz que servia como guia de margem, centralizado. Usávamos uma folha de sulfite e, com caneta vermelha e régua, fazíamos as margens e um risco no meio para centralizar títulos. Essa folha era colocada atrás da folha em que iríamos datilografar”, explica Adriane, sobre procedimentos que atualmente são feitos por ferramentas de edição de texto em computadores ou celulares. “Para centralizar um título, contávamos o número de letras e espaços, dividíamos por dois e escrevíamos metade antes da linha guia do meio e a outra metade depois”, exemplifica.
Adriane destaca que, assim como muitos jovens atualmente desejam ter o smartphone mais moderno, seu sonho na época era ter a própria máquina de escrever. “Quando fiz 15 anos, meu desejo era ter uma máquina da Olivetti, a mais cobiçada pelos datilógrafos. Então meu pai me deu a opção de ganhar de presente uma viagem, uma festa ou outra coisa, e claro que escolhi a máquina de datilografia. Para mim era como se estivesse pedindo hoje um iPhone de presente”, relembra.