A última exposição da série do Fundo Foto Bianchi no repositório digital do Museu Cenas de Ponta Grossa chegou ao público nesta semana. Intitulada ‘Estúdio Bianchi’, a seleção de fotografias finaliza o percurso pelo acervo fotográfico dando enfoque nas imagens mais recorrentes e familiares: os retratos posados. Com curadoria de Rafaela Prestes, a exposição retorna ao início do século XX para representar os costumes e estilos da época, além de trazer personagens responsáveis pela história de Ponta Grossa e região. A exposição, que pode ser acessada pelo www.museucenas.com.br, finaliza o projeto ‘Digitalização e exposição do Fundo Foto Bianchi’, da Estratégia Projetos Criativos, com apoio da Casa da Memória Paraná e ABC Projetos Culturais. O patrocínio é do Sicredi.
As 25 imagens aqui selecionadas nos levam a refletir as condições de um período onde a fotografia não era uma normalidade, mas sim um luxo. As vestes, posturas e os formatos de agrupamento fazem parte de uma categorização de um período histórico onde as aparências estavam em evidência. “Em nosso tempo atual, há uma gama de fotógrafos que realizam ensaios fotográficos e para dezenas de intenções. Naquela época, poucas eram as famílias que conseguiam pagar para serem eternizadas pela lente. As que conseguiam e tinham esse acesso, passavam por uma preparação pessoal de apresentação”, comenta Rafaela. As imagens foram digitalizadas e catalogadas pela historiadora Vitória Gabriela.
Ao percorrer os retratos virtuais, é possível identificar uma ideia de registro fotográfico familiar e histórico, como uma forma de demonstrar como cada participante estava envolvido na cadeia familiar, por exemplo. Essas organizações, objetos e vestimentas apontam uma união familiar de gerações. As figuras mais velhas, como avós, ficavam ao centro, como ponto de partida. Já as crianças se colocavam à frente de seus familiares ou no colo, como forma de apresentar as futuras gerações. Todos seguiam um padrão de aparências com trajes sociais, penteados e jóias.
Outro ponto importante da exposição é a análise do cenário utilizado por Bianchi para os registros fotográficos. “Através da montagem de estúdio, o fotógrafo trazia uma atmosfera de certo aconchego a partir do uso de painéis de fundo, pinturas, cortinamento e tecidos. Os objetos e adereços também compunham a cena. Como ainda existem em ensaios fotográficos, na época igualmente se utilizam de recursos cênicos para criar narrativas e senso estético. Uso de ornamentos como vasos de flores e ramalhetes; banquetas e tapetes; mesas laterais e almofadas; livros e jornais, entre outros elementos formavam a fotografia”, aponta a curadora. Ao analisar outras fotos do mesmo acervo, nota-se a repetição das peças e configurações.
Atualmente, a Casa da Memória é responsável pela guarda e conservação de 45 mil negativos em chapa de vidro e celulose flexível oriundos do Fundo Foto Bianchi. Este acervo ainda está em processo de digitalização e catalogação, porém mais de 1.000 destas fotografias já estão disponíveis para consulta de forma digital e gratuita no Museu Cenas de Ponta Grossa.
O projeto de digitalização é realizado pela Estratégia Projetos Criativos com o patrocínio do Sicredi, por meio do Programa Municipal de Incentivo Fiscal à Cultura, o PROMIFIC, da Prefeitura de Ponta Grossa, Secretaria Municipal de Cultura e Conselho Municipal de Política Cultural.