Cientista formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) regressa após duas décadas atuando como pesquisador na Alemanha. Na última segunda-feira (13), o físico João Marcelo Jordão Lopes palestrou a alunos e docentes do curso de Bacharelado em Física sobre seu trabalho desenvolvido no Instituto Paul Drude de Eletrônica de Estado Sólido, em Berlim, onde atua como pesquisador sênior.
O egresso trouxe a palestra “Crescimento epitaxial de heterostruturas magnéticas bi-dimensionais” para o auditório do Centro Interdisciplinar de Pesquisa e Pós-graduação (CIPP), no Campus Uvaranas. Em sua fala, João abordou o trabalho desenvolvido no Instituto Paul Drude, voltado aos estudos da Física do estado sólido e o desenvolvimento de novos materiais. “Minha função é estudar crescimento epitaxial em larga escala de novos materiais. Minha equipe desenvolve materiais bidimensionais e estuda como aumentá-los em alta escala, visando aplicações no futuro”.
O pesquisador explica que uma das aplicações práticas possíveis para sua pesquisa é no desenvolvimento da spintrônica, tecnologia que permite aumentar a velocidade do processamento e armazenamento de informações em aparelhos eletrônicos cada vez menores. “Mas para isso, o primeiro passo é desenvolver e estudar as propriedades físicas dos materiais, que é o nosso trabalho”, detalha.
Para Lopes, o sentimento de regressar e encontrar seus professores e colegas de graduação também atuando na docência é de felicidade. “Não esperava ter essa oportunidade, depois de tantos anos. Então foi realmente muito prazeroso ver como o curso cresceu, tanto na estrutura dos laboratórios quanto no desenvolvimento de pesquisas”.
Trajetória
O egresso destaca surpresa quando descobriu que a UEPG conta com programas de mestrado e doutorado em Física. “Bastou uma boa aula para me cativar”. João Marcelo Jordão Lopes relata que o trabalho de pesquisador o acompanha desde o início da graduação. A incerteza que sentiu sobre os rumos a seguir quando foi aprovado no Vestibular para o Bacharelado em Física, em 1994, foi substituida pela paixão pela profissão, logo na primeira aula em laboratório, ministrada pelo professor Cirineu. “Depois da primeira aula, eu fiquei encantado. Em conversa com minha mãe, por telefone, eu disse ‘Eu tenho certeza que quero estudar Física, eu quero ser físico'”, relembra o pesquisador.
Ele ressalta a importância de professores cativantes para o seu desenvolvimento como pesquisador, desde o início da graduação. “Com o passar do tempo, o meu gosto pela Física foi aumentando e já no segundo ano comecei a Iniciação Científica. Nesse momento eu decidi em seguir a carreira acadêmica e seguir fazendo Mestrado e Doutorado”. Após a graduação, em 2000 estava matriculado no Mestrado pelo Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IF- UFRGS).
Após finalizar o Doutorado, ele se candidatou a bolsas de pós-doutorado em diferentes instituições no Brasil e no exterior. Em 2006, embarcou para a Alemanha, a trabalho na Fundação Alexander von Humboldt. “Eu optei por assumir a vaga na Alemanha porque entendo ser importante para um pesquisador viver experiências internacionais, e por circunstâncias da vida continuei vivendo e trabalhando lá”.
Quando entrou para o Instituto Paul Drude, na capital alemã, João iniciou seus trabalhos como pesquisador júnior. Ele destaca que a sua formação e o conhecimento adquirido, tanto na graduação quanto na pós-graduação, foram essenciais para que assumisse novos projetos e o cargo de pesquisador sênior dentro da instituição. Atualmente, o pesquisador coordena equipe com recursos próprios para o desenvolvimento de estudos em materiais.
Lopes revela que a base da formação que recebeu na UEPG o acompanha por toda sua trajetória. “A metodologia que aprendi na Iniciação Científica é a mesma que aplico hoje, quando aprendo novos assuntos. A base é fundamental e eu garanto que na UEPG a formação é sólida o suficiente para capacitar seus alunos a perseguir seus sonhos de trabalhar em qualquer lugar do mundo”, declara.