Há nova vida no prédio histórico do Museu Campos Gerais. Dezenas de estudantes da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) sobem as imponentes escadarias e ocupam a Sala do Júri, espaço nobre do prédio que outrora abrigou o Fórum da Comarca de Ponta Grossa, o primeiro do interior do Paraná. Na quinta-feira (11), aconteceu ali um júri simulado, conduzido pelos alunos da disciplina de Prática Forense Penal do curso de Direito.
“Ter a oportunidade de realizar atividades didáticas naquele local é motivo de muito orgulho para o curso de Direito da UEPG, que neste ano comemora 70 anos da sua criação, uma vez que aquele prédio, no passado, foi palco de atuação dos principais juristas do nosso Estado”, declara o professor Rauli Gross Junior. Para ele, o momento teve um simbolismo especial, por unir dois pontos importantes da história jurídica do Paraná. “A história da democratização da justiça em nossa região passa por esse prédio e pela instalação do curso de Direito em nossa cidade”.
Os alunos do 4º ano estudaram um caso real e, divididos em grupos, prepararam defesas e acusações. Tudo foi feito conforme os ritos de um júri: houve o sorteio dos jurados, foram ouvidos os vídeos das declarações das testemunhas e dos réus, feitos os debates orais, com réplica e tréplica, realizada a votação e proferida a sentença. “Realizar um júri simulado durante a graduação é um momento de grande aprendizado. Foi uma oportunidade de aliar o estudo à prática, sendo esta imprescindível para a formação de um bom profissional”, comemorou a acadêmica Beatriz Anciutti Glynski.
Para João Pedro Kazuhiro Sieni Sato, um dos alunos que fizeram a argumentação durante a atividade, foi uma experiência gratificante. “Para minha formação foi de grande importância, uma vez que participar do Júri simulado me proporcionou a experiência de estar em um tribunal fazendo o uso da palavra, sendo um aprendizado único, em uma área na qual pretendo atuar futuramente”. As oportunidades de vivenciar na prática as atuações profissionais durante a graduação são marcantes, como também enfatiza o acadêmico Matheus Della Torres. “Nada se compara à adrenalina do embate no tribunal do júri, a audiência mais majestosa de todo poder judiciário. Poder vivenciar isso na pele definitivamente é uma experiência única que levarei pro resto da vida”.
“Eu acredito que são essas atividades práticas que realmente formam os profissionais que estarão no mercado de trabalho”, pontuou Rafaele Dutra. Durante o curso, os alunos têm uma carga teórica bastante relevante, com aulas práticas somente no final da graduação. “Durante todo esse tempo, a gente vai acumulando o conhecimento. Às vezes a gente não sabe muito bem onde aplicar, o que fazer com toda essa informação e quando a gente tem as práticas é como se estivesse fechando com chave de ouro todo um ciclo que a gente teve dentro da faculdade”. Para a acadêmica, atividades práticas, como o Júri Simulado e visitas a presídios e penitenciárias, complementam a formação, esclarecem como é a profissão e abrem os horizontes para que os graduandos possam pensar na carreira que pretendem seguir, após a conclusão do curso.
“É uma honra”. É assim que Rafaele define a experiência de poder ocupar o espaço da Sala do Júri do antigo Fórum. “A gente nunca nem imaginou poder fazer uma prática naquele espaço. Então é uma honra, em um lugar lindo, que é o berço do direito no interior do nosso Estado”. Matheus acrescenta: “Quantos doutores em direito já discursaram naquela sala. E eu, mesmo em uma simulação, fui mais um a fazê-lo. Então, realmente, sentimento único, experiência que levarei pro resto da vida”.