A incontinência urinária, caracterizada pela perda involuntária de urina pela uretra, é um dos distúrbios urinários mais comuns na população brasileira e afeta cerca de 35% das mulheres e 15% dos homens com mais de 40 anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia. E para chamar a atenção da sociedade para os sintomas e os tratamentos, março é o mês da conscientização da incontinência urinária no Brasil.
Para o médico urologista Paulo Jaworski, professor de urologia da Faculdade Evangélica Mackenzie e diretor científico do Uroville – Urologia Avançada, apesar de ser uma condição comum, são muitos os fatores que levam à disfunção e, por isso, é necessário buscar orientação médica para encontrar o tratamento mais adequado para cada caso. “A incontinência urinária se apresenta em três formas distintas e uma das causas mais frequentes é o mau funcionamento da bexiga. Porém, nos homens ela pode estar relacionada à Hiperplasia Benigna de Próstata (HBP) ou a problemas neurológicos em crianças”, alerta.
Um dos tipos é a incontinência aos esforços, que é uma das mais frequentes em mulheres e ocorre ao tossir, espirrar, levantar peso ou mesmo ao se movimentar no dia a dia como ao se levantar da cama ou ao se sentar, por exemplo. Entre os fatores de risco para este tipo de distúrbio em homens estão o aumento da próstata (HBP) e a cirurgia radical da próstata, indicada para casos de câncer de próstata. Já nas mulheres, são muitos os fatores que levam a esta condição, entre eles o histórico familiar, o número de gestações, a menopausa, a obesidade e prolapsos de órgãos pélvicos, conhecidos como bexiga caída ou útero caído.
Já a incontinência urinária de urgência é quando a perda urinária ocorre ao mesmo tempo que o desejo intenso de urinar, sendo difícil controlar a micção. “Nestes casos, o músculo da bexiga se contrai em momentos inoportunos, mesmo sem que a bexiga esteja cheia, o que chamamos de bexiga hiperativa e é uma condição bastante frequente na população”, explica Paulo Jaworski. Além desses dois tipos, há ainda a incontinência por transbordamento, que se caracteriza pela dificuldade em esvaziar completamente a bexiga, fazendo com que o resíduo de urina escape de forma contínua, em gotas.
Em todas as situações é possível reverter o quadro com diferentes abordagens que vão desde o uso de medicamentos e fisioterapia até procedimentos cirúrgicos. “Existe um tabu de que a incontinência urinária faz parte do envelhecimento, por isso muitas pessoas não buscam orientação. Apesar de ser mais prevalente com o avanço da idade, não é uma condição normal. O problema é que este distúrbio afeta diretamente a qualidade de vida e a autoestima do paciente e já há estudos que relacionam essa condição a quadros de depressão e ansiedade”, destaca Paulo Jaworski.