O Dia Internacional da Mulher em março volta a atenção para um dos avanços mais significativos na saúde feminina: a cirurgia minimamente invasiva para o tratamento da endometriose. Esta condição, que afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva mundo afora, tem sido um desafio tanto no diagnóstico quanto para o tratamento, com muitas mulheres sofrendo em silêncio devido à dor crônica e as complicações associadas.
Audrey Tsunoda, uma das principais especialistas internacionais na área e médica da equipe de ginecologia do Hospital Angelina Caron, explica as diferenças entre as cirurgias disponíveis no Brasil. "Tradicionalmente, o tratamento inclui opções medicamentosas e cirurgias invasivas, que, embora eficazes, muitas vezes resultam em longos períodos de recuperação e maiores riscos de complicações. No entanto, a cirurgia minimamente invasiva está revolucionando o tratamento da endometriose. Utilizando técnicas avançadas como a laparoscopia e a cirurgia robótica, é possível realizar cirurgias com maior precisão e sem necessidade de grandes cicatrizes, promovendo uma recuperação mais rápida e menos dolorosa."
A endometriose ocorre quando um tecido semelhante ao revestimento interno do útero cresce fora dele, causando dor e inflamação, que pioram a cada ciclo menstrual. Nos casos severos, pode ocasionar cicatrizes endurecidas, que geram infertilidade e comprometem órgãos como intestino, bexiga e apêndice. Por isso, a inovação da cirurgia minimamente invasiva para a endometriose ganha ainda mais importância. "A cirurgia minimamente invasiva tem sido um divisor de águas para as nossas pacientes. Com estas tecnologias, é possível realizar uma avaliação mais precisa, pois as lentes de alta definição ampliam as imagens e os instrumentos mais delicados permitem movimentos mais precisos e menos agressivos. É possível preservar nervos e outras estruturas nobres enquanto atingimos uma remoção altamente eficiente e muito mais segura dos focos de endometriose."
Da cirurgia convencional à minimamente invasiva
A evolução no tratamento da endometriose é um salto de inovação e progresso, marcando a transição de procedimentos cirúrgicos convencionais, caracterizados por grandes incisões e longos períodos de recuperação, para as técnicas minimamente invasivas de hoje. Essa técnica não apenas oferece uma recuperação significativamente mais rápida e menos dolorosa para as pacientes, mas também reduz os riscos de complicações, permitindo uma precisão cirúrgica sem precedentes.
As estatísticas reforçam o sucesso desses avanços, com estudos mostrando uma melhora nos sintomas em até 80% das pacientes submetidas à cirurgia minimamente invasiva. Além disso, a capacidade de retornar às atividades diárias mais rapidamente não apenas beneficia a saúde física das mulheres, mas também impacta positivamente sua saúde mental e emocional. A continuidade da pesquisa e inovação promete futuros avanços, com a expectativa de que o tratamento da endometriose se torne ainda mais eficaz e menos invasivo, assegurando que todas as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde de alta qualidade e personalizados.
"No HAC temos um ambulatório dedicado exclusivamente para as cirurgias minimamente invasivas. A cirurgia combinada com uma estrutura e equipamentos modernos transformaram o tratamento da endometriose, oferecendo às mulheres uma melhor qualidade de vida com menos tempo de recuperação. Isso não só melhora os sintomas da endometriose, mas também aumenta as chances de fertilidade para muitas de nossas pacientes. Essa mudança no tratamento reflete um avanço significativo na medicina reprodutiva e no manejo da dor para mulheres afetadas por essa condição", diz Audrey Tsunoda.
Um olhar sobre a endometriose
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 190 milhões de mulheres no mundo sofram de endometriose. A cirurgia minimamente invasiva, embora não seja uma solução para todas, oferece esperança para muitas dessas mulheres, especialmente aquelas que buscam alívio da dor e melhora na fertilidade.
A médica também enfatiza o impacto emocional e psicológico da endometriose e como a cirurgia minimamente invasiva pode ajudar. "Além dos benefícios físicos, a recuperação rápida e eficaz pode melhorar significativamente a saúde mental das mulheres. Muitas de nossas pacientes relatam sentir-se mais otimistas e empoderadas após o tratamento", afirma.
À medida que a cirurgia minimamente invasiva se torna mais acessível e conhecida, espera-se que mais mulheres com endometriose possam se beneficiar dessa opção de tratamento. "Nosso objetivo é continuar aprimorando essa técnica e torná-la disponível para mais mulheres. A informação é poder, e quanto mais falarmos sobre endometriose e suas opções de tratamento, mais podemos ajudar", conclui.