São atendidos pacientes de toda a região dos Campos Gerais desde 2017. Primeiro, é feita uma avaliação inicial, conduzida por professores do curso de Medicina, das disciplinas de Angiologia e Cirurgia Vascular. “Os pacientes são encaminhados para o ambulatório de feridas, coordenado por professores e com a participação de acadêmicos do curso de Enfermagem, além de residentes do Programa de Saúde do Idoso”, explica Sandra Bastos Pires, coordenadora do projeto e professora do curso de Enfermagem.
Após o primeiro atendimento, os enfermeiros estabelecem os diagnósticos e os cuidados específicos para o manejo da lesão, que pode apresentar diferentes níveis de gravidade. “Em seguida, realizamos os curativos e fornecemos orientações sobre os cuidados diários com a ferida, proporcionando uma assistência de enfermagem que vai além do tratamento local, elevando a qualidade de vida”, completa Sandra.
Acompanhamento contínuo
O trabalho não cessa com os encaminhamentos. O acompanhamento dos pacientes prossegue após a consulta inicial, com retornos semanais agendados até o restabelecimento completo. Essa etapa do tratamento ocorre às quintas-feiras à tarde.
Nos demais dias, os curativos são feitos na unidade básica de saúde ou no domicílio do paciente, seguindo orientações individualizadas e contando, muitas vezes, com o auxílio dos próprios assistidos e de seus familiares. “O seguimento é por tempo indeterminado, pois, em algumas situações, o vínculo se mantém mesmo após a cicatrização, com orientações sobre promoção da saúde e hábitos saudáveis”, afirma a coordenadora.
Superação
No entanto, há dois anos ele conheceu o projeto da UEPG e, desde então, sua situação tem melhorado significativamente. “Em casa, eu não tinha ânimo, de tanta dor. Doía demais. Parecia que um bicho comia a perna. Agora, está voltando ao normal, já faço bem os movimentos com os pés, caminho todos os dias, ando de bicicleta, vou no postinho fazer e pegar o curativo. Me sinto melhor a cada dia”, comemora.
Aprendizado na prática
O projeto também possui uma vertente didática fundamental para a formação dos acadêmicos da UEPG. O professor Mário Martins, do curso de Medicina, é especialista em cirurgia vascular e participa da iniciativa orientando os alunos. “Inicialmente, os estudantes têm um contato teórico, no qual explicamos o que é a doença, em que momento se dá a nossa intervenção e como fazemos para mudar o curso da enfermidade. Ou seja, primeiro em sala de aula e depois no ambulatório”, detalha.
João Pedro Araújo, do curso de Enfermagem, é um dos alunos que aprende e auxilia simultaneamente no projeto. “Durante esse projeto, conseguimos aprofundar o que vemos em sala. É importante porque o que aprendemos aqui é o que vamos usar na prática clínica e na vida inteira”, afirma o estudante, que acrescenta que a humanização do atendimento é um dos maiores diferenciais, tanto para quem recebe quanto para quem oferta o tratamento.
Ricardo Catapan Fidelis, aluno do terceiro ano de Medicina, conheceu a iniciativa logo que entrou na faculdade. “Esse projeto é muito importante na minha formação, principalmente porque foi o meu primeiro contato com pacientes, ainda no primeiro ano. É muito interessante termos essa visão geral, que abrange não só a parte médica, mas também a de enfermagem, o diagnóstico e o tratamento clínico”, completa.
Pessoas que precisam de tratamento especializado para feridas podem procurar o Hospital Universitário e solicitar uma avaliação para possível inserção no projeto. O agendamento pode ser feito presencialmente, todas as quintas-feiras à tarde, no próprio hospital.
Texto: Helton Costa | Fotos: Érica Fernanda