A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) é parceira na implantação do Laboratório do Leite no maior Parque Tecnológico de laticínios do Brasil, em Castrolanda, município de Castro. O anúncio do investimento de R$ 20 milhões no projeto foi feito na manhã desta quinta-feira (07), pelo governador Ratinho Júnior e pelo Secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná (Seti), professor Aldo Nelson Bona, durante a 25ª Agroleite, no Castrolanda Expo Center. Os recursos são do Fundo de Ciência e Tecnologia do Estado.
O governador Ratinho Júnior afirmou que o anúncio representa um passo decisivo para transformar a região em um polo nacional de pesquisa na área de laticínios. “Nós investimos mais 20 milhões de reais para equipar, modernizar e fazer aqui o maior parque tecnológico para pesquisa derivada de leite e produtos lácteos do país”, disse. Ele ressaltou que os recursos anunciados ampliam um projeto iniciado no ano passado e que o novo parque será referência em pesquisa e inovação. Para o governador, o protagonismo do Paraná na pecuária leiteira depende da articulação entre universidades, governo e cooperativas. “A ideia é poder melhorar cada vez mais os nossos produtos, levando mais qualidade para o consumidor e melhorando a genética dos animais. Tudo isso através de pesquisa e de muito estudo”, declara.
Segundo o secretário Aldo Bona, a Seti unirá esforços para a realização de pesquisas e qualificação de mão de obra de produtores e trabalhadores da cadeia leiteira, em parceria com a UEPG, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. O secretário afirma que o Paraná se tornará, já no ano que vem, o estado com a maior capacidade de processamento de dados para pesquisa e prestação de serviços. “Vamos instalar uma rede de supercomputadores, mais um anel de conectividade com 400 gigabytes de internet para que a pesquisa feita aqui no Parque Tecnológico e em todo o Paraná ganhe velocidade e capacidade para apresentar resultados que ajudem o estado a se desenvolver”.
UEPG terá papel importante
O reitor Miguel Sanches Neto destacou que o convênio é mais uma das ações institucionais da UEPG em colaboração com o setor produtivo privado. “A parceria científica entre empresas e a Universidade é fundamental para o desenvolvimento regional e também para a formação de nossos alunos em uma situação mais próxima do mercado. Esperamos que o conhecimento instalado na Universidade possa impactar na economia local, em setores estratégicos”, declarou.
O diretor executivo da Castrolanda, Seung Hyun Lee, destacou a importância da participação da Universidade para o funcionamento do projeto. “É difícil pensar num parque tecnológico sem a participação da Academia, que é a geradora de novos conhecimentos”, afirmou. Segundo Lee, a expectativa é que a UEPG coordene o laboratório que será implantado no Parque e que as pesquisas desenvolvidas pelas instituições de ensino aconteçam diretamente no campo. “É uma pesquisa muito voltada para a prática e é isso que a gente quer para o nosso centro tecnológico”, disse.
O vice-reitor da UEPG, professor Ivo Mottin Demiate, que acompanha as discussões desde a concepção do Parque, relata que se trata de uma colaboração com outras instituições, em especial com a UFPR. Demiate ressalta que a proposta envolve também a parte da economia circular. “Queremos auxiliar para tornar as propriedades e o negócio da produção agropecuária mais sustentável, com uma completa abordagem em relação a aproveitamento efluentes e de dejetos, por exemplo. E buscaremos fazer isso, a partir das demandas aqui da comunidade”, defende.
A UEPG contará com um espaço físico para investigações, equipado com tecnologia de ponta e projetado para o avanço de pesquisas científicas. “A gente está chamando de Laboratório do Leite, mas se trata de uma plataforma tecnológica que será denominada BioPlat. É um projeto bastante grande e ousado, no qual a UEPG vai se envolver em todas as áreas onde ela atua no agro, especialmente na parte voltada à biotecnologia e bioprocesso do leite”, explica, acrescentando que os cursos das áreas de agrárias e tecnologias auxiliarão de forma efetiva os produtores locais.
Além dessa importante inauguração, na última quarta-feira (06), o reitor e o vice participaram da Assembleia Itinerante, promovida pelo Poder Legislativo do Estado do Paraná, que aconteceu durante a Agroleite.
ETLQueijos
O professor Alessandro Nogueira, que coordena a ETLQueijos, também vislumbra um grande potencial para pesquisas aplicadas e aprofundadas no âmbito do Parque Tecnológico. “Creio que esse laboratório de pesquisa no Parque Tecnológico será conduzido para desenvolver demandas da nossa região, principalmente dos nossos produtores, tanto de leite, quanto de queijos e outros produtos lácteos. Vamos impulsionar o desenvolvimento da cadeia leiteira. Prevejo alunos fazendo pós-doutorado e trabalhando nesse ambiente. E nós, como professores, vamos estar supervisionando esse trabalho deles, que estarão na linha de frente”, comenta.
No campo da queijaria, Alessandro enxerga uma oportunidade para investigações de produtos diversos, principalmente com a questão dos queijos finos. “Vamos tentar resolver problemas e desenvolver produtos, sempre pensando na qualidade, tanto microbiológica, quanto sensorial desses produtos. Esperamos que seja um laboratório de pesquisa de elevado nível, de excelência. Em médio prazo a gente já verá e sentirá esses resultados e a longo prazo, nós estaremos realmente percebendo isso de maneira geral, aqui na região e no estado”, afirma.
Certificação Internacional
Desde junho de 2025, a UEPG tem Certificado de Boas Práticas Agropecuárias (BPA) nível ouro do Pool Leite, título referente à criação dos animais na Fazenda Escola Capão da Onça (Fescon), onde são desenvolvidas pesquisas por professores e alunos dos cursos de graduação e pós-graduação em todos os níveis. A certificadora, uma importante captadora de leite da região dos Campos Gerais que adquire produtos de diversas cooperativas, mantém elevado padrão de exigência em termos de qualidade.
Em 2025, quatro egressos da turma de 2024 da ETL Queijos foram premiados na segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná. No mesmo evento, a professora Deise Rosana Silva Simões, o professor Alessandro Nogueira e o aluno Matheus Baldykosky Ribas Santos, do curso de Engenharia de Alimentos, fizeram parte do grupo de 81 jurados que avaliou mais de 400 produtos durante a competição.
Texto: Helton Costa e João Pizani | Fotos: Aline Jasper