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Egresso da Unicentro integra missão da Nasa que estuda fenômeno espacial

A pesquisa integra a missão Tracers (Tandem Reconnection and Cusp Electrodynamics Reconnaissance Satellites), da Nasa. Trata-se de uma missão orbi...

29/05/2025 15h35
Por: Redação Fonte: Secom Paraná
Foto: Unicentro
Foto: Unicentro

Matheus Henry Przygocki, egresso do curso de Física da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), hoje é doutorando na Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, e participa de uma missão da Nasa. Sua pesquisa investiga a reconexão magnética, um fenômeno essencial para entender como o Sol interage com a Terra e dá origem a eventos como as auroras boreais. O projeto busca desvendar as origens do vento solar e os impactos que ele provoca no planeta.

A pesquisa integra a missão Tracers (Tandem Reconnection and Cusp Electrodynamics Reconnaissance Satellites), da Nasa. Em português, Satélites de Reconexão Tandem e Eletrodinâmica de Cúspide. Trata-se de uma missão orbital planejada para estudar as origens do vento solar e como ele afeta a Terra. O lançamento do projeto está previsto para o próximo ano.

A pesquisa de Matheus não trata de astronomia ou cosmologia no sentido tradicional. Ele não usa telescópios para fazer medidas e estudar o universo. Em vez disso, utiliza dados obtidos por satélites. “Minha pesquisa, na área de física espacial, é sobre reconexão magnética, um processo que ocorre devido à interação com o vento solar. O Sol emite pulsos de plasma, um gás extremamente quente, em direção ao planeta. Como a Terra possui um campo magnético, esse campo atua desviando e interagindo com esse fluxo de partículas solares”, explica.

Segundo o pesquisador, quando o vento solar atinge a Terra, ele pode ser bastante intenso em determinadas condições. Nessas situações específicas, acontece um fenômeno chamado reconexão magnética, em que as linhas invisíveis do campo magnético da Terra se rompem e, em vez de se ligarem aos polos norte e sul, passam a se conectar com o próprio vento solar. É justamente esse movimento que dá origem a um dos fenômenos naturais mais impressionantes.

“O que vemos, então, é a aurora boreal, um show de luzes que são partículas carregadas, super energizadas, que correm em direção aos polos”, aponta o doutorando.

Além da beleza natural das auroras, a pesquisa tem implicações diretas para a sociedade. Eventos de reconexão, quando intensos, podem gerar campos elétricos que danificam redes elétricas e equipamentos. “Em uma sociedade altamente dependente da eletricidade como a nossa, entender e prever esse tipo de fenômeno é essencial para mitigar riscos. Há registros de casos em que tempestades magnéticas causaram danos em telégrafos no século XIX, por exemplo. Hoje o impacto seria ainda maior”, destaca o pesquisador.

De acordo com Matheus, estudar esse fenômeno é fundamental para compreender melhor suas causas e identificar os sinais que podem ser observados e interpretados.

TRAJETÓRIA– Matheus concluiu a licenciatura em Física em 2019 e já no ano seguinte iniciou o mestrado na Universidade de São Paulo (USP). Há pouco mais de dois anos foi para os Estados Unidos para cursar o doutorado. A oportunidade surgiu após uma conversa com professores do Departamento de Física da Unicentro, em um momento em que ele cogitava abandonar a carreira acadêmica. Foi por meio de contatos e apoio da própria universidade que ele chegou ao orientador atual e conquistou a vaga no programa de pós-graduação.

“O Departamento de Física da Unicentro tem um ambiente quase familiar. Os professores conhecem os alunos pelo nome e param tudo para ajudar quando surge uma dúvida. Isso fez toda a diferença na minha trajetória”, relembra. Para ele, o envolvimento e a qualificação dos docentes foram determinantes.

“O maior presente que a Unicentro me deu foi essa relação com o ensino. Isso não só me fez amar ainda mais a Física, mas também despertou em mim o desejo de saber mais, de crescer e, de certa forma, de deixar meus professores orgulhosos. Mais do que isso, me inspirou a querer ser como eles. Um dia, quero ser esse tipo de professor, capaz de fazer um aluno perceber o quanto ama o que está estudando. Quero transmitir a mesma paixão que os meus professores despertaram em mim”, destaca.

Hoje, além do conhecimento científico, Matheus leva da experiência internacional um novo olhar sobre o Brasil e sobre o valor do ensino público.

“Sair da bolha cultural em que estamos inseridos é extremamente valioso. A diversidade é, sem dúvida, o principal aprendizado que levarei para a vida. Profissionalmente, minha área ainda conta com pouca atuação no Brasil, que não possui uma estrutura de pesquisa espacial tão robusta. Basicamente, Europa, Estados Unidos e China são os principais polos desse tipo de trabalho. Mas o choque cultural me fez valorizar ainda mais o Brasil. Apesar dos problemas, é um país onde as pessoas são acolhedoras, algo de que eu não sabia que sentiria tanta falta”, finaliza.

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