Padre do clero diocesano é nomeado bispo

Nesta quarta-feira (9), a Diocese de Ponta Grossa foi gratamente surpreendida com a notícia da nomeação pelo Papa Francisco do monsenhor Evandro Luis Braun como sétimo bispo para a Diocese de Campo Mourão. Padre Evandro pertence ao clero de Ponta Grossa, é membro do Colégio de Consultores e pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia desde janeiro de 2020. A ordenação episcopal ainda não foi marcada. Somente depois é que novo bispo tomará posse. Pelos trâmites canônicos, a oficialização tem quatro meses para acontecer.

"Deus é sempre generoso. Ele nos olha com um amor infinito e nos desafia a entregar toda a nossa vida, sempre com maior totalidade a Ele. Deus me chamou para o sacerdócio, um dia e sou feliz como padre, sou feliz como pároco dessa paróquia, onde experimentei tantas alegrias, tanta coisa bonita e também desafios que superei, motivado pelo testemunho de tanta gente boa e pelas orações, que nunca me faltaram. Sou profundamente agradecido. Mas, devo assumir uma nova missão. Na manhã de hoje, foi comunicada a minha nomeação como bispo da Igreja, como bispo da Diocese de Campo Mourão. Eu não esperava algo tão grande e sinto a minha fraqueja diante de tamanha missão eclesial, mas, digo o meu 'sim' confiado ao Senhor, porque sei que Ele jamais deixa de amar e de ajudar quem confia Nele. Confio Nele, amo o Senhor e, por isso, entregando-me a Ele, irei assumir essa nova missão", diz monsenhor Evandro.

Monsenhor afirma que ainda não sabe quando será ordenado bispo e nem o dia de sua posse. "Tudo isso deve acontecer em breve. Por ora, continuo servindo essa paróquia (Santa Rita de Cássia), mas em breve, deverei deixá-la porque Deus está me pedindo outra coisa, agora. Bem mais exigente e vou precisar muito da oração de todos. Entrego-me ao Senhor com confiança. Sei o quanto isso é exigente, mas também o quanto isso pode ajudar a renovar a nossa fé", garante. Em um vídeo gravado para o clero de Campo Mourão, monsenhor Evandro os saudou e abençoou. "No documento último que o Papa Francisco escreveu – 'Dilexit nos'– ele diz, em um determinado momento, 'tens de ser missionário. Cada padre é chamado a ser missionário em sua paróquia, em seu serviço na Diocese'. E é isso que eu também estou indo fazer em Campo Mourão: ser missionário. E o Papa diz que é preciso servir, com alegria e ser incansável no dar testemunho do amor de Cristo. Quero, junto com você, fazer isso, aí. Em primeiro lugar, ser missionário, depois, quero servir com alegria e convidar vocês a fazer a mesma coisa. Servir generosamente o povo, dando a vida com alegria. Também somos chamados, juntos, a dar testemunho do amor, fazer de tudo para que o amor de Cristo seja conhecido pelas pessoas. Preciso muito de seu apoio, de sua ajuda, de seu ministério exercido com alegria, disponibilidade e generosidade. Sei que você já faz muito, mas queremos continuar nesse caminho juntos", destaca.

Ao povo de Campo Mourão, monsenhor lembra que Deus é sempre surpreendente. "Ele nos chama, nos dá a graça e pede de cada um de nós o nosso 'sim'. Estou dando o meu 'sim' para ser o pastor, o bispo da Diocese de Campo Mourão. Vou servir com você e vou com alegria. Sei que você já serve a essa Igreja, já vive sua vida cristã com muita dedicação, generosidade e esforço. Quero que continuemos juntos, quero estar muito unido às lideranças, aos religiosos, aos diáconos e aos padres. Juntos vamos continuar nos passos de Jesus, seguindo seus passos, ajudando outras pessoas a também caminharem conosco porque todo o discípulo é missionário e todo o discípulo missionário é servidor da vida, servidor das pessoas, servidor daqueles que precisam. Queremos juntos caminhar, servir e amar a Jesus e acolher a graça que ele quer nos dar nesse tempo novo da Diocese, com a chegada de um novo bispo", enfatiza.

Paróquia

"Quando somos enviados para uma paróquia vamos conhecê-la e, depois, ajudar, encaminhar, orientar naquilo que é uma necessidade da comunidade. Foi assim que fui para a Santa Rita. Fizemos um bonito caminho e surgiram iniciativas, necessidades e, entre elas, para a realização de nossos encontros, e, entre eles, os nossos acampamentos, o nosso centro de evangelização. Agora, em breve, devo deixar a paróquia, mas tudo continua. Porque não era missão do padre Evandro, é coisa da paróquia. Vai ter outro padre que o bispo vai enviar...creio que ele vá caminhando com o povo e prosseguindo com tudo o que demos início. Eu espero não ter feito nada em meu nome ali, na paróquia, assim como foi em outros lugares por onde eu estive. Tudo foi por amor a Jesus, por amor à igreja, tendo em vista a evangelização e a missão que devemos desempenhar junto ao povo", resume o pároco.

De acordo com monsenhor Evandro, cada um tem seus dons, seu carisma, seu jeito de fazer as coisas, "mas, acredito que as coisas que são de Deus permanecem e continuam. Aquilo que tem muito a característica de uma pessoa tem possibilidade grande de terminar. Aquilo que terminar com a minha saída significa que não era abençoado, que não era de Deus. Mas, aquilo que era de Deus vai prosseguir e acredito que melhor, porque existe tanta gente boa, tantos padres melhores, que sabem trabalhar com o povo, na nossa Diocese, e acredito que tudo vai continuar. Vou tranquilo sabendo que o que pude fazer foi feito. O povo ali é muito disponível, muito animado, muito servidor, que arregaça as mangas", elogia.

Vocação

Para monsenhor Evandro, o chamado, a vocação é um grande dom de Deus, que Ele concede a pessoas muito normais. "Deus chama quem Ele quer. A nossa Diocese vive a sua história de cem anos e todas as atividades que se tem proposto, de ir ao encontro das famílias, chegar nas casas, acolher àqueles que precisam dos sacramentos, ajudar a pessoas a fazerem um processo de iniciação à vida cristã, todas as experiências de celebração, todo o envolvimento de nossos leigos, nossos diáconos, nossos padres, será uma grande oportunidade de um despertar vocacional. 'A messe é grande e os trabalhadores são poucos' e Deus quer certamente chamar muitas pessoas para o ministério ordenado, para as congregações religiosas e também para os serviços nas comunidades, através das pastorais e movimentos. Essas atividades em preparação ao Jubileu e o próprio Jubileu e a sua celebração será uma inundação de graça em tantos corações. E, quando a graça de Deus toca corações, também toca alguns corações para o ministério ordenado. Eu esperava um dia ser padre. Fiquei padre e sou um padre feliz há quase 23 anos. Se você sente, se você se vê chamado, se vê envolvido nas coisas da Igreja e é homem pode dizer o seu 'sim' também para o sacerdócio. É um caminho que realiza profundamente cada um de nós. Gostaria que muitos outros experimentassem a mesma alegria que experimentei ao longo desses anos de sacerdócio", frisa.

Em menos de dez anos, a Diocese de Ponta Grossa ofereceu três bispos à Igreja. Em 2018, foi nomeado bispo de Paranavaí o, então, padre Mário Spaki, nascido em Irati; em 2023, monsenhor Odair Miguel Gonçalves, também de Irati, foi nomeado pelo Papa Francisco bispo auxiliar de Porto Alegre e, agora, monsenhor Evandro Luis Braun. Antes, em 1974, um conterrâneo seu, Dom Joel Ivo Catapan, serviu como bispo auxiliar de São Paulo.

Quem é

O padre Evandro Luis Braun nasceu em 3 de agosto de 1976, em Teixeira Soares, filho primogênito de Genito Antônio Braun e Suely Maria Braun. Ingressou no seminário em 28 de fevereiro de 1990, quando ainda cursava a 8ª Série do Ensino Fundamental, no Colégio Nossa Senhora das Graças, em Irati, residindo no seminário Menor Mãe de Deus até a conclusão do 2º Grau.

De 1994 a 1996 cursou Filosofia, no Instituto de Filosofia e Teologia Mater Ecclesiae, em Ponta Grossa, residindo no Seminário São José. Cursou Teologia de 1998 a 2001, no Instituto de Filosofia e Teologia Mater Ecclesiae, em Ponta Grossa, residindo no Seminário São João Maria Vianney. Em 1997, foi auxiliar de formação, no Seminário Menor Mãe de Deus. Foi ordenado presbítero em 15 de setembro de 2002, na Paróquia Imaculada Conceição, Teixeira Soares, adotando o lema: 'Fitando-o, Jesus o amou' (Mc 10,21).

De 2001 a 2009, foi professor da escola de Teologia para Leigos, em Ponta Grossa; de 8 de março de 2002 a 12 de dezembro de 2002, foi auxiliar de formação no seminário Propedêutico Mãe da Divina Graça, em Carambeí; De 8 de março de 2002 a 12 de dezembro de 2015, foi professor da disciplina 'Vocação e Discernimento Vocacional' também no seminário Propedêutico Mãe da Divina Graça.

De 1º de janeiro de 2003 a 12 de fevereiro de 2010, foi reitor do Seminário Propedêutico Mãe da Divina Graça e vigário paroquial da Paróquia Imaculada Conceição, em Carambeí. Exerceu ainda as funções de secretário da Organização dos Seminário e Institutos Filosóficos-Teológicos do Brasil (OSIB) do regional Sul 2 da CNBB (Paraná) de 19 de julho de 2007 a 14 de julho de 2011.

De 2008 a 2011, foi membro da equipe diocesana de formação 'Escuta e Oração'. De 13 de fevereiro a 1º de fevereiro de 2020, foi pároco da Paróquia Senhor Menino Deus e reitor do Santuário de Nossa Senhora das Brotas, em Piraí do Sul; de 2010 a 2015, foi diretor espiritual do seminário propedêutico da diocese de Ponta Grossa; de 2010 a 2019 foi coordenador e professor da Escola de Teologia para Leigos Santo Agostinho, do Setor 5 da diocese.

Foi coordenador da Pastoral Presbiteral da diocese de 2012 a 2014; de 25 de abril de 2014 a 20 de novembro de 2019, foi assessor do regional Sul 2 da CNBB da Pastoral do Turismo. De 2020 a 19 de novembro de 2023, foi tesoureiro da Coordenação da Pastoral Presbiteral da Diocese de Ponta Grossa.

O monsenhor integra, até então, o Colégio de Consultores; é padre exorcista, pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia, auxiliar na Formação Espiritual do seminário diocesano São José e assessor eclesiástico das oficinas de Oração e Vida na diocese de Ponta Grossa. Também é membro do Conselho das Irmãs Carmelitas Servas da Misericórdia de Sião, e seu vigário geral, secretário do regional Sul 2 da Pastoral do Turismo. Tem orientado retiros para seminaristas, religiosos e religiosas e para o clero de dioceses.