Após uma campanha marcada por promessas de renovação política e propostas voltadas à população mais vulnerável, Mabel Canto (PSDB) foi derrotada nas eleições municipais de Ponta Grossa, deixando para trás o sonho de comandar a prefeitura da cidade. Em uma disputa acirrada contra a atual prefeita Elizabeth Schmidt (UB), Canto não conseguiu atrair votos suficientes para desbancar sua adversária, que acabou reeleita.
Uma campanha de propostas, mas de forte oposição
Filha do ex-deputado estadual Jocelito Canto e com um histórico de atuação como deputada estadual, Mabel Canto - pela segunda vez - entrou na corrida eleitoral como a principal candidata de oposição ao governo de Schmidt. Durante a campanha, Canto fez duras críticas à gestão atual, focando em áreas como saúde, mobilidade urbana e políticas de inclusão social. Ela apresentou um plano de governo com forte viés popular, prometendo mudanças significativas na forma de administrar Ponta Grossa.
Entre suas principais propostas estavam a ampliação do acesso à saúde, com a criação de novas unidades de atendimento emergencial, e um projeto ambicioso para reduzir as desigualdades sociais, por meio de programas habitacionais e de geração de emprego e renda. Canto também fez da educação uma de suas bandeiras, propondo a valorização dos professores e a melhoria das condições das escolas públicas.
Apesar de ter conseguido engajar parte do eleitorado descontente com a atual administração, especialmente em bairros periféricos, sua candidatura não conseguiu ampliar o apoio em setores-chave da cidade, como o empresarial e o agronegócio. A forte presença de Elizabeth Schmidt na política local, aliada a uma bem-sucedida campanha de continuidade, minou as chances de Canto de virar o jogo.
A força da trajetória de Mabel Canto
Mesmo com a derrota, Mabel Canto construiu uma carreira política de destaque no Paraná. Eleita deputada estadual em 2018, sua atuação na Assembleia Legislativa do Paraná é marcada pela defesa dos direitos das mulheres e das causas sociais. Canto ganhou notoriedade ao lutar por políticas públicas que beneficiam a população mais vulnerável, como programas de assistência social, defesa dos direitos dos trabalhadores e combate à violência doméstica.
Seu nome despontou no cenário municipal como uma alternativa de renovação política. Jovem e com um discurso de mudança, ela representava a esperança de um novo ciclo na administração da cidade, prometendo romper com a política tradicional e adotar um modelo mais participativo e inclusivo.
No entanto, sua campanha encontrou obstáculos difíceis de superar. A administração de Elizabeth Schmidt, apesar das críticas, foi bem avaliada por grande parte da população, especialmente em áreas como infraestrutura e combate à pandemia de COVID-19. Canto também enfrentou uma máquina política mais estruturada e com maior apoio financeiro, o que se refletiu no volume de campanhas publicitárias e na presença massiva de Schmidt em eventos públicos.
As lições da derrota
Com o resultado desfavorável, Mabel Canto terá que refletir sobre os rumos de sua trajetória política. A derrota nas urnas não encerra sua carreira, mas abre espaço para uma análise mais profunda sobre o que pode ser ajustado em futuras campanhas.
Entre os fatores que podem ter contribuído para sua derrota está a dificuldade de se firmar como a principal liderança da oposição, em um cenário em que outras figuras políticas locais também buscavam espaço. Além disso, a falta de apoio de setores econômicos mais conservadores, que historicamente desempenham um papel importante nas eleições de Ponta Grossa, pode ter impactado negativamente sua performance eleitoral.
Apesar disso, Mabel Canto deixou claro em seu discurso de pós-eleição que continuará atuando em defesa das causas que considera prioritárias, como o fortalecimento dos serviços públicos e a luta pela igualdade social. “Não foi dessa vez que conquistamos a prefeitura, mas nossa luta não acaba aqui. Continuaremos firmes na defesa dos direitos do povo de Ponta Grossa e no combate às injustiças. A mudança que queremos ainda virá”, declarou, emocionada, ao agradecer o apoio de seus eleitores.
O futuro de Mabel Canto
Mesmo com a derrota, Mabel Canto segue sendo uma das principais figuras políticas da região dos Campos Gerais. Sua atuação parlamentar continuará sendo uma ferramenta importante para fortalecer seu nome e sua influência na política local e estadual.
Com apenas 39 anos, Canto tem tempo de sobra para planejar os próximos passos de sua carreira. A deputada deverá focar seus esforços em manter a conexão com a base eleitoral construída durante a campanha e continuar exercendo pressão política sobre a gestão de Schmidt. A oposição deverá contar com sua voz firme na fiscalização das ações do Executivo municipal, o que pode mantê-la relevante para futuros pleitos.
Embora o caminho para a prefeitura tenha sido interrompido nesta eleição, Mabel Canto ainda possui capital político e uma história de vida ligada à política, o que lhe garante espaço para continuar influenciando os rumos de Ponta Grossa e, quem sabe, almejar voos mais altos nas próximas eleições.