Uma catedral repleta de fiéis acompanhou atentamente cada momento de uma celebração histórica. Há 21 anos não se via um rito tão importante e digno de olhares, inclusive daqueles que não seguem a religião: a posse de um novo bispo.
Ao adentrar o corredor central, acompanhado por uma longa fila de clérigos, Dom Bruno Elizeu Versari fitou uma assembleia rica e diversa, composta por pessoas de diferentes origens, costumes, histórias, experiências e sentimentos. Porém, todos compartilhavam um mesmo ardor: acolher o novo pastor, uma imagem que remonta à Igreja primitiva, aquela mesma que, segundo a tradição, foi iniciada por Jesus Cristo e um grupo de pescadores simples, que assim como Dom Bruno Elizeu, não imaginavam que a obra seria tão grandiosa.
Em uma celebração rica em simbolismos, não poderia faltar um dos signos mais representativos da catolicidade da Igreja: além do clero diocesano, diversos bispos prestigiaram a posse de seu irmão no episcopado, que agora inicia uma nova jornada na principal cidade dos Campos Gerais.
Com imenso respeito e carinho fraternal, o bispo emérito, Dom Sergio Arthur, acompanhou Dom Bruno a cada minuto da celebração. Pessoas próximas, capazes de interpretar seu olhar, afirmaram com exclusividade ao comVc que ele estava sereno e muito contente por estar passando o bastão em um momento histórico tão importante para a diocese.
Entre os convidados ilustres e testemunha ocular desta posse, estava o arcebispo emérito de Salvador (BA), Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, que anteriormente também ocupou a cátedra diocesana de Ponta Grossa. Ele, que conduziu seu episcopado no início da década de 90 e abriu espaço para que o cardeal João Braz de Aviz o sucedesse, fez questão de comparecer pessoalmente para acompanhar a posse de seu fraternal irmão bispo.
Um dos momentos mais aguardados foi a primeira homilia do novo bispo. A cada palavra pronunciada, todos os olhares estavam atentos, buscando captar a essência de seu pensamento e a forma como pretende conduzir seu ministério
"O Papa sintetizou assim sua intenção, colocar a igreja em estado sinodal, isso significa torná-la inquieta, incômoda, tensa pela agitação do sopro divino que certamente não gosta de zonas seguras, áreas protegidas, ele sopra para onde quer, desta forma abraçar o sinodo implica ser humilde, repensar o próprio pensamento, passar do eu ao nós, do individual ao comunitário, abrir-se. Talvez todos nós tenhamos que sair do nosso caminho para caminhar juntos, a própria pedagogia de Jesus se torna modelo para nós, encontrar, escutar, dialogar, discernir e agir," afirmou Dom Bruno em sua homiliada.
Durante a coletiva realizada na sexta-feira, Dom Bruno deixou claro que a diocese é sempre regida em comunhão com seus diocesanos. O território que compõe a diocese de Ponta Grossa inicia, neste dia 10 de agosto de 2024, um novo tempo: os fiéis católicos viverão novas experiências e terão a oportunidade de experimentar ainda mais o espírito sinodal que conduz o cristianismo católico. Sob a égide do pontífice Francisco e à sombra do cajado agora empunhado por Bruno Elizeu Versari, a diocese entra em uma nova era.