No primeiro semestre do ano o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), revelando que 64,2 milhões de brasileiros, que representam 27,6% da população, vivem em situação de insegurança alimentar. A pesquisa classifica essa condição em três níveis: insegurança alimentar leve, que afeta 18,2% dos domicílios e se caracteriza pela incerteza sobre a disponibilidade futura de alimentos; insegurança alimentar moderada, presente em 5,3% das famílias, onde há redução no consumo de alimentos para evitar a falta total. E insegurança alimentar grave, que atinge 4,1% dos lares, onde a falta de alimentos envolve tanto adultos quanto crianças.
Mesmo o país estando entre as dez maiores economias do mundo, uma em cada quatro famílias enfrenta a fome. O cenário é agravado por fatores como a desigualdade de gênero e raça, onde 19,3% das famílias em insegurança alimentar são chefiadas por mulheres, e lares compostos por pessoas negras têm 1,4 vezes mais chances de enfrentar essa situação.
Em meio a essa crise, a Associação GoodTruck Brasil se destaca como uma iniciativa crucial no combate à fome e ao desperdício de alimentos. Fundada em 2016, a associação possui parceria com supermercados, varejistas e distribuidores de alimentos, com parceiros em seis cidades pelo país. O GoodTruck Brasil atua no recolhimento de hortifrutis não vendidos e alimentos industrializados próximos da data de vencimento de supermercados parceiros. Esses alimentos, que perderiam seu valor de mercado e seriam descartados, são resgatados e destinados a famílias em situação de vulnerabilidade.
"Por mês, nosso trabalho tem destinado mais de 25 toneladas de frutas, legumes e vegetais para, hoje, 14 comunidades em vulnerabilidade", revela Renata Gonçalves, Presidente e Diretora Executiva do GoodTruck Brasil. Em 2023, a ONG resgatou 298 toneladas de alimentos, realizou 649 coletas e distribuiu mais de 36 mil kits para famílias em vulnerabilidade social. "O processo envolve a coleta e triagem dos alimentos, que são então transformados em kits variados compostos por cerca de sete a oito quilos de alimentos perecíveis em parceria com associações locais e lideranças comunitárias, onde complementaram mais de 1,4 milhão de pratos", explica Renata. O cálculo realizado considera 200g de FLV (frutas, legumes e verduras) por refeição, seguindo a recomendação de 400g de FLV por pessoa por dia, segundo a OMS.
"O GoodTruck busca ativamente por produtores e comerciantes de alimentos, estudando a cadeia produtiva para identificar focos de desperdício. Através dessa abordagem, não combatemos somente a fome, mas também atuamos promovendo a sustentabilidade e a redução do desperdício de alimentos", afirma Renata. O impacto social da associação foi reconhecido com o Prêmio Pacto Contra a Fome, na categoria de melhor iniciativa para a redução do desperdício de alimentos.
A ONG continua a expandir suas atividades, conectando empresas e voluntários a grandes causas, e promovendo a conscientização sobre a importância da alimentação saudável e do combate ao desperdício alimentar. "Em um país onde a fome ainda é uma realidade para milhões, a luta contra a fome é um desafio persistente, mas com ações coordenadas e o apoio da sociedade, é possível transformar vidas e garantir que alimentos cheguem a quem mais precisa", finaliza a presidente do GoodTruck Brasil.
Para mais informações sobre o GoodTruck Brasil acesse o site ou o perfil oficial no Instagram: @goodtruckbrasil