O povo brasileiro tem alta disposição empreendedora, como revela a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, realizada pelo Sebrae em parceria com a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe). Segundo o relatório, a taxa de empreendedorismo potencial do brasileiro é de 48,7%, percentual referente aos entrevistados não empreendedores que têm a intenção de iniciar um novo negócio até 2026.
Ter o próprio negócio (48,2%) é o terceiro sonho mais citado pelos brasileiros, segundo o mesmo estudo. Viajar pelo Brasil (53%) e comprar a casa própria (50%) são os dois primeiros. Apesar da disposição, abrir uma empresa é desafiador. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 60% dos novos empreendimentos encerram atividades nos primeiros cinco anos.
O planejamento é considerado primordial para quem quer começar a empreender. Conforme o Sebrae, ter um controle financeiro, elaborar uma ideia de negócio viável, reconhecer seu perfil empreendedor, analisar o mercado e identificar o potencial cliente são os aspectos essenciais para abrir um negócio.
De acordo com o Sebrae, os controles financeiros básicos que auxiliam o empreendedor a manter suas contas em dia são: de caixa, bancário, de vendas, de contas a receber e a pagar, de despesas mensais e de estoque, a depender da natureza do negócio.
Ter em mente a necessidade desse controle é essencial para traçar a viabilidade financeira do negócio. O serviço orienta prever os custos fixos com água, luz, aluguel, condomínio e folha de pagamento e variáveis, como fornecedores, manutenção, entre outros. De olho nesses números, o empreendedor pode simular vendas e identificar como equilibrar as finanças da empresa.
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) indica que o controle de gastos seja monitorado por meio de ferramentas on-line, aplicativos ou uma planilha no Excel. A intenção é que esse controle seja suficiente para que a empresa tenha condições de pagar os custos e criar uma reserva financeira para eventualidades.
O fundo de reserva deve ser aplicado para que o dinheiro renda, sem riscos de perdas, mas que possa ser retirado quando necessário. Para empreendedores, a Serasa Experian indica aplicações de perfil conservador, como a renda fixa, que inclui os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), investimento no Tesouro Direto, Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA). Todos têm rentabilidade acima da inflação, e é preciso priorizar as opções que oferecem liquidez diária.
Antes mesmo de olhar para a questão financeira, o Sebrae considera imprescindível analisar se a ideia de negócio é boa e viável. O exercício é pensar primeiro no problema que sua empresa deseja resolver e depois, no produto ou serviço.
Fazer uma pesquisa de mercado sobre as chamadas "dores do consumidor" é um caminho para encontrar o negócio ideal. O Sebrae alerta que o futuro empreendedor deve, porém, ter afinidade com o serviço ou produto que quer oferecer.
Outra orientação do Sebrae é que o futuro empreendedor entenda sobre seu próprio perfil. Querer de fato empreender e estar disposto a se dedicar intensamente são pontos a analisar.
O indicado é que o empreendedor já tenha conhecimento sobre a área e aptidão para solucionar problemas do nicho escolhido. Além disso, é necessário buscar capacitação com foco no que falta para ter sucesso no projeto.
A análise de mercado com foco na concorrência é uma das orientações do Sebrae para quem quer começar a empreender. O chamado benchmarking ajuda a identificar produtos, serviços e processos que podem ser aplicados e melhorados em um novo negócio.
A investigação é considerada essencial para definir o posicionamento no mercado e, posteriormente, as estratégias de como se destacar.
Saber o perfil do cliente ideal também é necessário para começar uma nova empresa. O Sebrae indica fazer uma descrição das características do público-alvo e identificar como elas se encaixam no tipo de negócio a ser aberto.
Para isso, deve-se levantar dados dos possíveis consumidores que vivem na praça onde o negócio vai ser implantado. Classe social, gênero, idade, renda, escolaridade e atividades de lazer que realizam são informações a serem coletadas.
Além disso, deve-se compreender que tipo de relação essas pessoas têm com o consumo de bens e serviços. "Você pode desenvolver uma pesquisa informal para identificar o que influencia seus potenciais consumidores na decisão de comprar produtos ou procurar por serviços; ou, se na hora da escolha, são levados em consideração: preço, qualidade, embalagem, facilidade de acesso, praticidade ou mesmo a conveniência", destaca o Sebrae.