Um projeto de R$ 58 milhões do Instituto Água e Terra (IAT) vai minimizar o problema histórico de enchentes em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná. O governador Carlos Massa Ratinho Junior inaugurou nesta sexta-feira (13) a obra de contenção de cheias do Rio Marrecas, que conta com um túnel de 1,2 quilômetro de extensão para escoar o fluxo de água do Córrego Urutago até o Rio Marrecas em dias de grande volume de chuvas.
A água agora pode escoar através de um canal de 740 metros de extensão, 12 metros de profundidade e oito de largura, fazendo a ligação até a comporta que fica na entrada do túnel, que conta com um sensor de nível para regular a sua abertura e fechamento. Quando o volume atinge a cota de alagamento inicial, ela se abre automaticamente e escoa a água pelo túnel, que então retorna ao leito normal do Marrecas. O sistema tem uma capacidade de vazão máxima de 310 metros cúbicos por segundo.
A solução já foi posta à prova na última semana, quando um grande volume de chuvas, que ultrapassou os 220 milímetros, atingiu a cidade. “Esta obra no Rio Marrecas é magnífica e resolve um grande problema para a cidade. Nós tivemos semana passada mais de 220 milímetros de chuva em 30 horas. Se não houvesse esta obra, possivelmente teria 300, 400 famílias desabrigadas, com as casas alagadas”, salientou o governador
“Foi uma obra complexa, com um túnel escavado dentro da cidade, na área urbana. É a terceira obra deste tipo feita no Brasil e a única em uma cidade do interior, para resolver o grande problemas que tínhamos com as enchentes”, explicou o prefeito de Francisco Beltrão, Cléber Fontana.
O prefeito explicou que na última enchente antes de a obra ficar pronta, que aconteceu em 2022, mais de 300 famílias perderam tudo. Já com as chuvas da semana passada, foram 10 casas afetadas. “Esse canal nos ajuda muito porque ele agiliza a velocidade da água, que antes ficava muito tempo parada na região central da cidade. Consequentemente, vinha uma grande cheia, problema que agora está quase totalmente amenizado”, disse.
O secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Everton Souza, afirmou que o problema de inundações aumentava a cada ano, já que a cidade passou a ter cada vez mais pavimentações que causam a impermeabilização do solo, fazendo a água escorrer ainda mais.
“Francisco Beltrão ultrapassou os 100 mil habitantes, então o problema das cheias do Rio Marrecas se agravava gradativamente todos os anos”, disse. “Ficamos muito felizes em ver que esse projeto já está funcionando, com menos pessoas afetadas pelas chuvas”.
“Eu nasci em Beltrão, ao lado do Rio Marrecas, e conheço como ninguém a história desse rio. Vivi intensamente as primeiras enchentes, nos anos 1950, vi famílias sofrerem”, contou o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano. “Buscamos em Brasília o recurso para fazer esta obra, mas não deu certo. Mas conseguimos viabilizar o valor necessário para o projeto chegar onde chegou”.