Idosos, adultos e crianças. O fenômeno Mamonas Assassinas, banda formada por Dinho, Bento, Júlio, Sérgio e Samuel, arrastava multidões por onde passava e contagiava pessoas de todas as idades. E em Ponta Grossa não foi diferente. Os cinco meninos de Guarulhos se apresentaram uma única vez na cidade, em novembro de 1995, num show marcado por muita alegria e irreverência.
A apresentação dos Mamonas Assassinas foi trazida pela antiga casa de shows Aeroanta, mas aconteceu no Ginásio Oscar Pereira, bem no centro de Ponta Grossa. Pessoas de diferentes faixas etárias lotaram o lugar e as músicas, recheadas de piadas pesadas e frases de duplo sentido, foram cantadas em alto e bom som. Mesmo com as letras politicamente incorretas, a banda era um sucesso principalmente entre as crianças.
Oscar Pereira lotado para receber os meninos de Guarulhos
Adriano Carneiro tinha 21 anos na época e era fã dos Mamonas Assassinas. “A maneira irreverente e alegre e com um instrumental forte, chamou a minha atenção”, conta. Adriano fez questão de comprar o único álbum gravado em estúdio pelos Mamonas Assassinas, que leva o nome da banda. “O primeiro CD que comprei original foi deles. Lembro que meu pai me chamou de maluco e disse que eu tinha jogado dinheiro fora quando escutei o CD em casa”, recorda.
Quando soube que os meninos de Guarulhos fariam uma apresentação em Ponta Grossa, Adriano fez questão de comparecer ao show. “Eu já trabalhava e estava com salários atrasados. Então, implorei para receber uma parte só para poder ir ao show”, conta. Até hoje ele lembra detalhes da apresentação. “Foi uma realização e uma alegria poder ir ao show e ver eles tocarem e cantarem pessoalmente. O Oscar Pereira estava lotado”, recorda.
Adriano diz que o show já começou de maneira inusitada. “O Dinho entrou no palco e disse: “Quem tem amor ao seu encosta na parede que vai começar a p******!”, lembra aos risos. “Depois que tocaram todas as músicas do CD, pensei que havia acabado, mas não. Eles também cantaram as músicas rock pop nacional que cantavam na Banda Ponte Aérea, que depois se tornou Utopia”, acrescenta.
Alegria que contagiou uma geração inteira
A apresentação dos Mamonas Assassinas também foi inesquecível para Carol Santos. Ela tinha apenas 12 anos na época e foi ao show acompanhada de um casal de amigos. Carol lembra que a apresentação contou com as músicas de maior sucesso da banda, como ‘Vira-vira’ e ‘Pelados em Santos’. “Eu gostava de todas as músicas, mas a minha preferida era a Robocop Gay”, confessa. “Algo que eu nunca vou me esquecer do show foi quando o Dinho falou para nunca desistirmos dos nossos sonhos, isso eu carrego até hoje”, acrescenta.
Carol comenta que o jeito extrovertido e descontraído dos Mamonas Assassinas cativou uma geração inteira de brasileiros. “Eles eram sinônimo de alegria e tinham essa energia contagiante. Não é por acaso que eles têm muitos ainda são fãs até hoje, inclusive muitas pessoas que nem eram nascidas na época”, enfatiza.
Para manter viva a memória da banda, Carol tem uma pasta com fotos, notícias e imagens dos Mamonas Assassinas e, em uma das folhas dessa pasta, está guardado carinhosamente o ingresso para o show em Ponta Grossa. Um pedaço de papel com um significado que reúne diversas gerações de momentos diferentes de uma história, unidos para celebrar a alegria. Esse foi o legado que os Mamonas Assassinas deixaram para Ponta Grossa.
Fenômeno meteórico
No dia 02 de março de 1996, o Brasil se despedia de um dos maiores fenômenos musicais do país. Conhecidos por suas músicas cômicas e apresentações excêntricas, os cinco integrantes dos Mamonas Assassinas tiveram a sua carreira interrompida após um acidente aéreo, quando o grupo voltava para Guarulhos após um show em Brasília. Com apenas alguns meses de carreira, o único álbum de estúdio gravado pela banda chegou a vender 3 milhões de cópias, garantindo o selo de Disco de Diamante. Antes de formarem os Mamonas Assassinas; Dinho, Bento, Júlio, Sérgio e Samuel já haviam criado a banda Ponte Aérea e, posteriormente, a Utopia.