O projeto que promove a implantação de sistemas ecológicos de tratamento de esgoto na Ilha de Eufrasina, realizado pela Portos do Paraná em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi um dos selecionados para o prêmio ANTAQ 2024 “Emergência Climática em ESG”. A iniciativa concorre na categoria Iniciativas Inovadoras.
O prêmio é uma realização da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) e busca reconhecer e incentivar iniciativas que se destacaram no Brasil em diversas frentes como melhorias na produção técnico-científica, disseminação de melhores práticas ESG (Ambiental, Social e Governança) e inovações no setor. A premiação ocorrerá em 26 de novembro, em Brasília.
“A classificação já é um grande reconhecimento de todas as ações que desenvolvemos, tanto do ponto de vista ambiental quanto social. Buscamos fortalecer esta relação com a comunidade, transformando, de forma sustentável, o território e trazendo melhorias para as pessoas que vivem nas comunidades, principalmente pesqueiras, que estão no entorno da Portos do Paraná”, destacou a bióloga e analista portuária, Jaqueline Dittrich.
O projeto em grande escala iniciou este ano e consiste em substituir os sistemas rudimentares de tratamento de esgoto por sistemas ecológicos e de baixo custo.
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A Ilha de Eufrasina foi selecionada por ser um ambiente rochoso e com grande declive à beira do mar, o que impede a instalação dos sistemas tradicionais de tratamento de esgoto. Dez casas já haviam recebido os sistemas de tratamento em projetos pontuais e foram monitoradas ao longo de seis meses, apresentando redução da presença de 90% dos coliformes fecais nas águas.
“Tem que ter inovação para poder solucionar a questão do saneamento em Eufrasina, porque não dá para implantar as tecnologias convencionais aqui. São projetos personalizados, porque o solo da região é bastante complexo, tem toda uma complexidade característica de um projeto de pesquisa, desenvolvimento e inovação”, explicou o professor da UFPR e coordenador do projeto, Fernando Augusto Silveira Armani.
Uma das primeiras casas que receberam o sistema foi a do casal Francislaine Viana e Esmeraldo Batista. Localizada às margens da Baía de Paranaguá, ela tinha o reservatório de esgoto instalado diretamente no estuário, o que se tornava um problema em dias de maré alta, pois a água entrava no reservatório.
Para solucionar a questão, foi criado um vermifiltro, formado por um conjunto de macro e microrganismos que participam do processo junto às minhocas, facilitando a digestão dos resíduos, e com válvulas de retenção para não permitir a entrada de água da maré.
“A gente tá bem satisfeito com o resultado que tá tendo e, claro, que é um sistema que vai evoluir”, afirmou Esmeraldo. “Para nós foi um sossego. É um tratamento que é feito antes do último processo para a maré. Para nós, traz uma tranquilidade muito boa”, afirmou a dona de casa Francislaine.
As casas que já possuem o sistema de esgoto sustentável receberam placas decorativas e QRCodes sinalizando o projeto e explicando qual sistema foi implantado. Os moradores também estão participando de oficinas gratuitas para produção de materiais de limpeza biodegradáveis.
Os pesquisadores coletam os materiais que passam pelo tratamento implementado e avaliam quanto de resíduo foi possível retirar. Na última pesquisa realizada, em outubro deste ano, a universidade constatou que os sistemas implantados chegam a reduzir até 93% dos coliformes fecais lançados nas águas. O projeto total tem duração de três anos.
ODS– O programa de sistema de tratamento de esgoto ecológico na Ilha de Eufrasina atende cinco Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015: 6 (Água Potável e Saneamento); 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis); 14 (Vida na Água); 15 (Vida Terrestre) e 17 (Parcerias e Meios de Implementação).