Não é segredo algum que uma grande parcela de empresas brasileiras têm passado, principalmente durante os últimos anos, por períodos economicamente difíceis. A pandemia de Covid-19 foi fator determinante, segundo a Serasa Experian, para que, ao menos, 6,3 milhões de empresas tenham ficado com dívidas atrasadas, muitas delas, tendo que encerrar suas atividades.
Esses dados, bastante recentes (jan/2023), levantam uma questão importante sobre o que os empresários têm conseguido, à nível de crédito, para tentarem ‘reequilibrar’ o caixa das empresas e evitarem a medida mais temida por todos os empresários: a falência.
Uma pesquisa realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), aponta que a concessão de crédito no Brasil é extremamente baixa, principalmente em momentos de incerteza econômica, taxa Selic alta e outros fatores sócio-políticos-econômicos que podem atingir diretamente a economia no Brasil, o que, segundo a instituição, dificulta manter as empresas em funcionamento e criar novos investimentos.
A FGV estima que, para que as empresas voltem a crescer, seria necessário injetar aproximadamente R$ 514 bilhões de reais em crédito anualmente, o que está bem longe do que os bancos realmente emprestam às empresas, que não chegou nem a 24% deste valor no ano passado, segundo o BC (Banco Central).
O especialista em captação de crédito para empresas, João Fossaluza, vice-presidente da Atto EXP Empresarial, especializada em home equity, alerta para o fato de que as empresas podem recorrer ao Home Equity, uma modalidade de crédito ainda pouco explorada no Brasil, para a captação de recursos que podem ser injetados em suas empresas.
Conforme o levantamento mais recente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) sobre o tema, o valor dessas concessões teve um crescimento acumulado de mais de 80% nos últimos quatro anos. De janeiro a setembro de 2022, o volume aumentou 79% em relação ao ano anterior. A pesquisa apontou, ainda, que 54% dos entrevistados que recorreram ao home equity contrataram o empréstimo a fim de quitar dívidas, enquanto 28% buscaram, na modalidade, os recursos necessários para investir em outro imóvel ou reformar o bem atual. Enquanto isso, 13% das pessoas ouvidas afirmaram que investiram o dinheiro emprestado em um negócio próprio e 5% contaram que foi uma alternativa para acessar dinheiro rápido.
Fossaluza explica que, embora esta modalidade seja muito mais expressiva nos mercados estrangeiros, empresários brasileiros estão cada vez mais adeptos ao Home Equity principalmente por possuir, segundo ele, os menores juros do mercado.
"Isso se dá principalmente pelo alto valor do bem dado em garantia - o imóvel. Em termos leigos, quanto maior a garantia, menor a taxa de juros. Isso faz com que o Home Equity seja uma opção muito mais vantajosa, principalmente para aquela empresa que se encontra já em certa dificuldade financeira, ou precisa realizar um investimento e não possui condições financeiras para tal", aponta o especialista, da Atto EXP Empresarial.
Além de o valor da tomada de crédito também ser exponencialmente superior ao das demais modalidades de crédito, o Home Equity também permite também, de acordo com o especialista, um dos maiores prazos para pagamento disponíveis no mercado, podendo chegar a 20 anos para quitação do empréstimo. Outro fator importante que decorre do fato de ser o imóvel um dos bens de garantia de maior valor.