Os 125 anos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foram comemorados em sessão especial do Senado nesta terça-feira (16). Autor do requerimento para a solenidade, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) considerou justo o reconhecimento à instituição “que impulsionou o desenvolvimento de vacinas, medicamentos e médicos diagnósticos e exerceu papel de liderança na pandemia de covid-19”. Entre outras personalidades, a solenidade teve a participação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e dos ex-ministros da pasta Nísia Trindade, Arthur Chioro e José Saraiva Felipe.
Criada em 25 de maio de 1900 como Instituto Soroterápico Federal, a Fiocruz tinha a missão de fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica. Em 1908, a fundação foi rebatizada em homenagem ao médico e pesquisador Oswaldo Cruz (1872-1917), que iniciou uma revolução sanitária, com iniciativas como a erradicação da febre amarela no Rio de Janeiro, o controle da peste bubônica e o combate à varíola.
— Poucos anos depois, Carlos Chagas daria ao mundo a descoberta da doença de Chagas, projetando a ciência brasileira no cenário internacional. Celebrar os 125 anos da Fiocruz é celebrar a ciência brasileira. “Fazer ciência em defesa da vida.” Nenhuma outra frase traduz melhor a essência da missão que a Fundação Oswaldo Cruz vem cumprindo, com brilho e dedicação, ao longo de sua existência ininterrupta — discursou Marcelo Castro.
O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, ressaltou a dedicação da instituição à ciência e à tecnologia e em favor da vida. Ele considerou positiva a longevidade da população, observada nos últimos anos, mas observou que esse fato traz desafios para a Fiocruz, como a busca por tratamentos avançados para o câncer e doenças cardiológicas ou neurodegenerativas.
Mario também destacou a responsabilidade da Fiocruz mediante a amplitude de ações desenvolvidas pela própria fundação e frente a um país que ainda apresenta grandes desigualdades, inclusive em questões como a moradia.
— Estamos num momento de inflexão muito importante em que a Fiocruz, com os pés fincados em sua tradição de 125 anos, traz seu projeto de futuro ciente dos desafios que se associam à saúde pública. Entre eles, o da transição demográfica, já que hoje o Brasil é um país mais velho, que vive bem nessa fase da vida graças ao avanço da ciência, mas, também, aos programas públicos que favorecem uma vida mais longa.
O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Leandro Pinheiro Safatle, destacou o empenho da fundação no enfrentamento das crises sanitárias ao longo da história, “sempre dando respostas à sociedade brasileira”. Ex-pesquisador da Fiocruz, ele considerou a instituição estratégica para a saúde dos brasileiros.
— Celebrar os 125 anos da Fiocruz é celebrar a saúde pública brasileira. Enquanto Anvisa, seguimos lado a lado com essa instituição estratégica de Estado, construindo juntos caminhos para o fortalecimento do SUS. Que os próximos capítulos dessa história sejam escritos com a mesma ousadia, ciência e compromisso social que sempre nortearam a fundação.
Na opinião da senadora Zenaide Maia (PSD-RN), o trabalho da Fiocruz é a prova de que é possível fazer ciência e salvar vidas de forma pública e gratuita. Para ela, homenagear a fundação enche a todos de alegria, “já que a instituição é uma pérola brasileira, assim como é o SUS [Sistema Único de Saúde]”. Médica por formação, a parlamentar ressaltou o empenho de todos os funcionários e pesquisadores da Fiocruz e defendeu investimentos maciços no orçamento da instituição.
— Falar da Fiocruz é falar de salvação de vidas, e não só vidas humanas, mas também de vida animal e do nosso meio ambiente, já que a instituição tem tudo a ver com isso. Quero destacar [o trabalho da]Agência Senado, Rádio Senado e TV Senado, porque um momento desses é mesmo para darem visibilidade a esta instituição que faz parte da nossa história.
Já a senadora Dra. Eudócia (PL-AL) destacou o potencial da Fiocruz na busca por soluções inovadoras como as vacinas contra o câncer e outras formas de imunoterapia. Ao considerar a fundação um patrimônio nacional, a parlamentar destacou que a atuação da dos cientistas ajudou a dar ao Brasil a capacidade de enfrentar crises sanitárias, como foi recentemente demonstrado na pandemia de covid-19.
— Celebrar esses 125 anos é reafirmar a necessidade de se fortalecer a Fiocruz para o futuro. Isso significa assegurar investimentos permanentes em pesquisa, inovação e infraestrutura e valorizar seus profissionais, garantindo a autonomia científica.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reconheceu o papel da Fiocruz como instituição pública brasileira e referência mundial na área da saúde e considerou a sessão do Senado um "dia histórico". Ele sublinhou que a fundação foi criada a partir de um projeto modernizador do Estado brasileiro do século 20, e disse não haver dúvidas da relevância da instituição na construção de um Brasil diferente no século 21, especialmente após a pandemia de covid-19.
— O Brasil aprendeu que para enfrentar, para se preparar para as próximas pandemias e cuidar dos impactos das mudanças climáticas sobre a saúde, o país precisa de novas instituições do Estado brasileiro que ultrapassem governos. E a Fiocruz tem um papel decisivo na construção dessas novas instituições. Também é importante ressaltar que nós temos uma função histórica de derrotar o negacionismo, e a estrutura de uma instituição como a Fiocruz é fundamental para essa derrota — declarou o ministro.
Presidente da Fiocruz entre 2017 e 2022, ministra da Saúde entre 2023 e fevereiro de 2025 e representante da Academia Brasileira de Ciências, Nísia Trindade, ressaltou o papel dos pesquisadores, dirigentes e representantes da Fiocruz na defesa da ciência. Ela apontou uma perseguição sofrida por pesquisadores que desaconselharam o uso de medicamentos como a cloroquina no combate à pandemia de covid-19 e mencionou um esforço dos cientistas na defesa da reputação da Fiocruz e de seus pesquisadores.
— Como pesquisadora da Fiocruz que sou há 40 anos e presidente da instituição nos momentos mais difíceis da nossa história, considero que esse aprendizado nos leva a pensar algo que acredito ser muito importante: como a Fiocruz respondeu a diferentes desafios, sejam emergências ou as bases conceituais e práticas de construção do Sistema Único de Saúde, com tecnologias, ciência, saúde e todas as áreas que compõem o SUS. A história da Fiocruz se confunde com a história da própria saúde pública brasileira.
Para a presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernanda Magano, “saúde é democracia”. Ao frisar a relação construída entre a Fiocruz e o CNS nos cuidados com a saúde e com o controle social no país ao longo dos anos, a convidada defendeu ações cada vez mais eficazes em defesa de instrumentos como o SUS.
Também participaram da solenidade a senadora Leila Barros (PDT-SF), o senador Nelsinho Trad (PSD-S), as deputadas Jandira Feghali (PcdoB-RJ) e Ana Pimentel (PT-MG); além do secretário de Saúde do Distrito Federal, Juracy Cavalcante Lacerda Júnior; da presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Tânia Mara Coelho; do representante da Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil (Opas), Cristian Morales Fuhrimann, e membros das embaixadas de Cuba, Panamá e República Dominicana.
Senado Federal Adultização: Lula sanciona estatuto que protege criança e adolescente na internet
Senado Federal Medida provisória dá seis meses para plataformas cumprirem ECA Digital
Senado Federal CPMI do INSS aprova 174 requerimentos; convocações de ministros viram convites
Senado Federal CPMI do INSS: Senadores cobram acesso a visitas de investigados ao Senado
Senado Federal CRE debate relevância do Brasil no cenário internacional
Senado Federal Avançam normas para transporte urbano de aeronaves elétricas
Cotidiano com Tiago Como agilizar seus serviços de habilitação sem complicação nem perda de tempo
Ficaflix 'Superman' estreia dia 19 de setembro na HBO Max
Na Fama com Thiago Michelasi Adib Abdouni destaca impacto da Ação Penal 2668 no Supremo Tribunal Federal
Somos Homo Ludens - Por Rodrigo Charneski Mahy-ra: uma heroína brasileira nasce no coração da Amazônia